Reportagens

Demolição de casas na Estação Ecológica da Jureia reacende debate sobre governança 

Entidades e pesquisadores divergem sobre atitude de caiçaras e retomam discussão sobre adequar a luta pela conservação e respeitar os direitos de populações tradicionais

Cristiane Prizibisczki ·
28 de julho de 2019 · 5 anos atrás
Casa erguida na Estação Ecológica Juréia-Itatins. Foto: Divulgação.

Na noite da última quinta-feira (25), um grupo de 230 pesquisadores de cerca de 70 universidades e instituições de pesquisa do Brasil e de fora divulgou uma “carta aberta” em apoio aos moradores da Estação Ecológica Juréia-Itatins (EEIJ), no litoral sul de São Paulo, alvos recentes de uma ação da Fundação Florestal que culminou na demolição de duas casas e na ameaça de demolição de uma terceira propriedade.

Na carta, um documento de quatro páginas, os pesquisadores defendem a existência de um novo entendimento na governança de áreas protegidas no Brasil, segundo eles, mais moderno que o modelo chamado “fortress conservation”, que prevê o isolamento total da área e proibição de intervenções humanas.

“[…] nós, pesquisadores abaixo-assinados, apoiamos uma solução inovadora e alinhada com o estado da arte na área de conservação para a gestão da Estação Ecológica Jureia-Itatins, baseada em um modelo de governança adaptativa, construído de forma participativa e que envolva o Estado, as comunidades tradicionais, pesquisadores e outros atores sociais”, diz o documento.

Direito de uso ou ocupação ilegal?

A polêmica atual envolvendo moradores da Juréia teve início no começo de junho, quando a Fundação Florestal – órgão da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo – recebeu a denúncia de que uma construção estaria sendo erguida na região do Rio Verde, na Estação Ecológica Jureia-Itatins. No dia 18 de junho foi feita a autuação de um morador caiçara, que recebeu ordens para embargar a obra.

Os moradores, então, acionaram a Defensoria Pública do Estado de São Paulo que, segundo a União dos Moradores da Jureia, teria iniciado diálogo com a Fundação Florestal no sentido de garantir a manutenção desta e de outras duas casas que estavam sendo construídas, mas até então não haviam sido identificadas pelo órgão estadual. Essas outras duas propriedades foram identificadas por sobrevoo no dia 28 de junho e seus moradores foram autuados no dia seguinte.

No dia 4 de julho, funcionários da Fundação Florestal e a Polícia Ambiental cumpriram medida administrativa após parecer da Procuradoria Geral do Estado e iniciaram a remoção das três casas construídas no Rio Verde. Duas delas foram efetivamente demolidas. A ação foi considerada truculenta pelos residentes.

Materiais de construção dentro de uma das casas que foram demolidas. Foto: Divulgação.

Segundo a União dos Moradores da Juréia, os proprietários das casas são filhos e netos de caiçaras nascidos e criados na Jureia e o local onde as casas foram construídas era previamente habitado e habilitado para moradia de comunidades tradicionais. Segundo Adriana Lima, presidente da entidade, as famílias em questão tentavam desde junho de 2017, seguindo os procedimentos burocráticos instituídos, autorização para construção das moradias. O pedido foi refeito em janeiro deste ano, mas até o momento da ação da Fundação Florestal no início de julho, a solicitação não havia sido atendida.

Ainda segundo Adriana Lima, para a construção das casas, não houve supressão de vegetação ou degradação da área. “A escolha para a construção da casa foi definida por ser uma área onde a avó do jovem morou durante parte da sua vida, até casar-se. A localidade mantém características do que as comunidades chamam de taperas, onde é possível encontrar frutíferas como abacate, jaca, limão, mexerica e outras, além de plantas ornamentais, e que comprovam que a área possui ocupação humana ancestral”, defendeu a caiçara.

Já para a Fundação Florestal, as construções são irregulares, o espaço em que foram erguidas é inabitado, remoto, está dentro de uma unidade de conservação de proteção integral e abriga o maior espaço preservado da Mata Atlântica no Brasil. Portanto, não está habilitado para ocupação. Em nota, o órgão estadual afirma que houve supressão de 100m² de vegetação nativa de restinga alta. “A área do rio Verde é declarada patrimônio mundial da humanidade pela Unesco e tem aproximadamente 60 estudos em andamento […] é o coração da Jureia”.

Além disso, a Fundação lembra que, em 2013, quando o Mosaico de Unidades de Conservação Jureia-Itatins foi instituído, foram criadas duas Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) – categoria de unidade de conservação que abriga populações tradicionais que vivem em sistemas de exploração sustentável dos recursos naturais – para as comunidades tradicionais da região. “Nestas áreas ainda é possível construir novas unidades para habitação”, diz a nota oficial.

Histórico de embates

Plenário da Assembleia Legislativa de SP aprovou, por unanimidade, novos limites da Estação Ecológica da Jureia-Itatins. Foto: ALESP/Arquivo/2013.

Aqui é preciso voltar um pouco ao passado, já que o atual embate entre moradores e governo na Estação Ecológica Jureia-Itatins é só mais um capítulo de um conflito que vem se desenrolando há mais de 30 anos.

Formada por maciços de difícil acesso e por planícies litorâneas de formação recente, inadequadas à agricultura, a região da Jureia configura-se como um santuário de preservação. A área inclui formações de manguezais, restinga e floresta tropical, e é morada de espécies importantes da flora e fauna brasileira, como a onça pintada, suçuarana, jacutinga, bugio e tucano-de-bico-preto, para citar algumas. Ela também já chegou a abrigar 383 famílias, entre moradores tradicionais e não-tradicionais, à época de sua criação.

Seu histórico começa no início da década de 1980, com os planos do então presidente João Baptista Figueiredo de instalar na área duas usinas nucleares. Pela legislação, áreas em que serão construídas usinas nucleares devem ser transformadas em Estação Ecológica. Com a desistência do governo federal em construir as usinas, teve início uma pressão imobiliária crescente no litoral sul paulista. Os caiçaras, então, se alinharam a ambientalistas para resistir às sucessivas investidas na região e, em 1986, por pressão do movimento ambientalista de São Paulo, foi criada a Estação Ecológica Jureia-Itatins. Para os caiçaras, no entanto, essa estação acarretou obstáculos crescentes a sua permanência na região.

Os 20 anos seguintes foram marcados por intensos embates entre moradores, governo e ambientalistas. Definida como uma zona de preservação de Mata Atlântica que não admitia a presença de humanos, a reserva era criticada por moradores, que se diziam refugiados da conservação, e ambientalistas, que pediam maior proteção das áreas.

Em dezembro de 2006, a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou a Lei n° 12.406, que dividiu a intocável área protegida em reservas de uso sustentável e ao mesmo tempo englobou novas paisagens à categoria de preservação estrita. Criou-se, assim, o Mosaico de Unidades de Conservação Juréia-Itatins (MUCJI).  A norma foi considerada inconstitucional após três anos, e, em 2013, uma nova lei – a nº 14.982/2013 – trouxe os contornos atuais desse que é o primeiro mosaico de áreas protegidas da Mata Atlântica criado em território paulista.

Hoje, o MUCJI é constituído por seis unidades de conservação, de diferentes categorias:  Estação Ecológica de Jureia-Itatins, Parque Estadual do Itinguçu, Parque Estadual do Prelado, Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Despraiado, Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) da Barra do Una e Refúgio

Estadual de Vida Silvestre das Ilhas do Abrigo e Guararitama, além das APAs Marinhas Litoral Sul e Centro, com uma área de cerca de 100 mil hectares.

Enfim nascia na região um modelo de unidades de conservação que trazia consigo a  promessa de resolver o histórico embate entre conservação X direitos das comunidades tradicionais. Mas será que o mosaico conseguiu cumprir esse papel? Os recentes embates entre caiçaras e governo do Estado indicam que não. Os motivos são vários e pesam para ambos os lados.

Repensando modelos de gestão

O que os caiçaras e o grupo de pesquisadores citados no início da matéria defendem é um sistema de gestão mais inclusivo, com o reconhecimento dos direitos e do papel que as comunidades tradicionais têm na co-criação, conservação e reprodução da biodiversidade. Isto é, uma alternativa ao modelo de “fortress conservation”.

Na prática, as comunidades tradicionais da Juréia-Itatins – amparadas por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do ABC e da alemã Hohenheim University – tem uma proposta que pode soar um desatino a alguns ambientalistas: um plano de gestão que considera os dados históricos de ocupação, e não os limites da delimitação administrativa.

“Esse modelo de autogestão, vamos chamar assim, já existe em vários lugares no mundo. Essa proposta de manejo é aprovada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), pelo Painel Governamental para a Biodiversidade da ONU e por vários outros documentos nacionais, inclusive. Tem inúmeros casos que mostram que a construção dessa parceria pode ser a melhor estratégia para a conservação de uma área”, defende a pesquisadora da USP Cristina Adams, que participou da construção do documento, chamado de Plano de Uso Tradicional (PUT).

Em julho de 2018, o PUT foi entregue ao governo do Estado, mas até o momento os caiçaras não receberam resposta do poder público. “Ficaram de dar retorno em um mês, mas até hoje eles não retornaram […] Não deram resposta para nós, enquanto comunidades organizadas, nem para os professores acadêmicos, nem para defensoria e muito menos para o Ministério Público Federal. Fizeram pouco caso do documento”, disse Adriana Lima, a ((o))eco.

Apesar dos argumentos a favor da maior participação das populações tradicionais na gestão de unidades de conservação, a recente atitude dos caiçaras de colocar o PUT em prática – com a construção das casas que foram derrubadas – sem autorização do Estado, foi considerada um erro por entidades ambientalistas e pesquisadores.

Estação Ecológica Juréia-Itatins. Foto: Ericka Martins de Matos/Wikiparques.

Para José Pedro de Oliveira Costa, primeiro secretário da pasta de Meio Ambiente de São Paulo que na década de 1980 iniciou a construção do que é hoje o Sistema Ambiental Paulista e participou ativamente da criação da EEJI, ao ir contra o que determina o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), as famílias envolvidas agiram contra a lei. “Existe uma consideração [às populações tradicionais] e acho que a Fundação Florestal e todas as pessoas que militam nisso estão preocupadas em atender as reivindicações dessas populações, mas não em detrimento da lei e das prioridades científicas”, disse.

Costa lembra que o maciço da Juréia é uma área única no mundo, portanto, é considerada patrimônio mundial e o Brasil tem o compromisso internacional de sua defesa. “Não estamos falando de uma área protegida que existem cinco iguais, 20 outras, estamos falando de uma região que não existe outra igual no mundo. As famílias tradicionais e antigos moradores, mesmo não sendo tradicionais, tem o direito de ficar, mas dentro de regras”, defende.

O entendimento da organização SOS Mata Atlântica, que participou da criação da Estação Ecológica e desde a década de 1980 atua em defesa do bioma, está alinhado ao do ex-secretário. Em nota divulgada na última quarta-feira (24), a ONG reafirma o respeito aos direitos das populações tradicionais, mas defende o cumprimento do que é determinado pela lei.

A ((o))eco, a coordenadora de projetos da SOS-MA, Malu Ribeiro, reafirmou a posição da entidade. “Não é porque o Estado demorou a conceder o Termo de Permanência dessas famílias que elas vão lá e peitam, ‘vamos fazer e ver no que dá’, isso não está certo […] O PUT é um instrumento interessante, mas ele precisa ser compatibilizado com a legislação que trata da categoria de cada área. Ele não pode sobrepor ou criar conflito com a legislação vigente”, disse.

Ponto de convergência 

Apesar dos pontos discordantes em relação à governança do Mosaico, tanto os que defendem quanto os que condenam a atitude das famílias caiçaras concordam em um ponto: o Estado deveria estar mais presente e ser o mediador dos conflitos existentes na área.

“Conflito sempre vai existir. O papel do Estado é mediar esses conflitos e defender um patrimônio que é de todos nós e das futuras gerações, compatibilizar a defesa desse patrimônio com a defesa da cultura desses povos tradicionais. É dever do Estado criar uma articulação permanente com essas comunidades”, defende Malu Ribeiro, da SOS-Mata Atlântica.

Para José Pedro Costa, é preciso que governo estadual implemente efetivamente os planos de gestão das unidades, que foram construídos durante os últimos anos. “O governo tem recursos, precisa implementar [os planos de gestão] tantos dos parques, da Estação Ecológica, como das RDS, para que sua função plena seja atingida”, disse. Ele, inclusive, enviou nos últimos dias uma carta a João Dória, pedindo que o Governo do Estado dê atenção à área.

Já segundo Cristina Adams, da USP, todos precisam ‘baixar guarda’ e estar abertos ao diálogo e à conciliação. “O que precisa é todo mundo sentar à mesa e conversar. Não ouvir a população é uma prática que já vem sendo feita há 30 anos e dá mostras claras que não está dando certo”, argumenta.

((o))eco tentou contato com a Fundação Florestal, por e-mail e telefone, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno.

 

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Comentários 11

  1. Francisco Mendes diz:

    Esta carta mostra que ter PhD não torna ninguem imune de ser idiota.


  2. clovis borges diz:

    O comentário acima referenda de forma impecável a visão que sustenta, de forma indevida e com um viés ideológico radicalizado, que 100% das áreas naturais do território devem ser disponibilizadas às pessoas (dentro de um amplo e variado escopo de caracterizações). E, que, portanto, defende uma posição radicalmente contrária às UCs de uso indireto, embora nunca tenham uma postura mais clara de afirmar isso de forma objetiva. Lamentável que ainda hoje, com tantas pressões reais contra o meio ambiente, as áreas naturais, e também contra as populações indígenas e tradicionais, esse tipo de postura sectária seja pontuada. E ainda por cima sustentando, num discurso raso, que essa é a melhor maneira de conservar a biodiversidade, o que não corresponde em absoluto com a realidade. O inimigo das populações tradicionais não são as UCs de uso indireto. Mas ao que tudo indica, há outros valores em jogo, o que desvirtua uma busca por arranjos que contemplem os diversos interesses da sociedade. O caso recente da Juréia não deixa dúvidas em relação a isso.


  3. André diz:

    É impreciona como a matéria não cita em momento algum as leis de proteção dos direitos humanos e culturais dessas comunidades tradicionais! Assim como o governo do estado de são Paulo e das ONGs ambientalistas faz vistas grossas a convenção 169 da OIT, ao decreto federal 6040/2007 e todas as discussões históricas que desconsiderou essas comunidades e seus territórios! Veja, a sexta avó dos moradores que construiram as casas, por exemplo, se declarava proprietária da praia do Rio verde desde a primeira lei de terras do Brasil em 1850. Por outro lado, a matéria ignora liminar judicial e toda a fundamentação jurídica amparada em laudo antropológico que garante os direitos de moradia e de construção de casas por essa comunidade, inclusive decorrente da própria lei do mosaico de 2013. Faz parecer que os moradores agiram contra a lei quando segundo a decisão judicial, quem agiu de maneira ilegal e abusiva foi o Estado e a fundação florestal. Veja, que quem diz isso é o juíz da primeira vara de Iguape! A matéria foi irresponsável e tendenciosa nesse sentido. É necessário entender que novos direitos chegam para corrigir injustiças históricas e me parece que esse é o caso do reconhecimento dos territórios das comunidades tradicionais em áreas onde ao arrepio da lei e da democracia foi criada a estação ecológica! Ao menos é a posição atual do judiciário em relação ao caso!


  4. Romulo Miranda diz:

    É o de quase sempre neste mundo moderno. Ou seja, a negação do fato que o único destruidor do entorno natural é o ser humano. É acreditar que árvores derrubadas, matos queimados e animais mortos, morrem “felizes e sem problemas” se os causantes disso são índios, quilombolas, caboclos e, neste caso, caiçaras. É o colmo do absurdo dominando a lógica. Também é acreditar que a lei foi feita só para a classe média.


  5. Maria Tereza diz:

    Brasileiro precisa aprender a cumprir as leis. Por falta de fiscalização nossas UCs na prática estão atiradas a própria sorte, As categorias previstas na legislação em vigor devem atingir seus objetivos de manejo. Já pensaram se do outro lado radicais quisessem que todas as unidades existentes fossem somente de uso indireto ou preservação permanente?
    O sistema de nosso país e bom. Vamos pbefece-lo


  6. ROSELY diz:

    Até que os planos de manejo sejam elaborados e de fato saiam do papel, algo que era para ter sido concluído em 2009 (antes da ADIN que inviabilizou o Mosaico) o SNUC determina que o poder público encontre as soluções e estabeleça os termos de permissão ou concessão do uso dentro das UCs de proteção integral. Desde que o mosaico foi criado, faltou haver uma assistência mínima e técnica, uma discussão sobre os cadastros de ocupantes realizados e ampliar o debate do Plano de Utilização apresentado em conjunto entre moradores e pesquisadores e Estado. Cabe lembrar que os caiçaras também contribuíram em muito com os pesquisadores, identificando locais e trilhas para acesso a ambientes remotos, coletando espécies e inclusive ajudando a identificá-las. Outros moradores foram contratados à época como guardas parques, contribuindo inclusive para as atividades de fiscalização. Assim, há que se considerar todo acúmulo de trabalhos que foram realizados com a participação dos caiçaras e o papel que o conhecimento de muitos deles trouxe para a conservação da Jureia. Esse diálogo só tem a beneficiar mais a proteção desse patrimônio natural e histórico cultural. Atitudes extremas não contribuem obviamente com a conservação.

    , dificilmente chegaremos a um final nesse imbróglio.


  7. George diz:

    Tradicional é a invasão de áreas públicas no Brasil. Que se cumpra a lei.


  8. jtruda diz:

    A velha palhaçada de permitir a devastação nas UCs a qualquer um que se diga "tradicional"… mudam as moscas mas a ladainha fecal é sempre a mesma.


  9. AAI diz:

    Unidade de Proteção Integral é Unidade de Proteção Integral!!! Serve para a Preservação! Pra isso tem tantas UCs de Uso Sustentável !!!!
    Aqui agora se tem essa tendencia de que os menos favorecidos tudo podem!!! Causam tanto impacto quanto outros !!!!


  10. Leo diz:

    "Já segundo Cristina Adams, da USP, todos precisam ‘baixar guarda’ e estar abertos ao diálogo e à conciliação. “O que precisa é todo mundo sentar à mesa e conversar. Não ouvir a população é uma prática que já vem sendo feita há 30 anos e dá mostras claras que não está dando certo”, argumenta."

    Quando não se é uma cotia, um macaco, um mutum ou algum outro bicho apetitoso fica fácil dizer isso. Se fosse, veria que o que não está dando certo é estas populações terem se acabado ou estarem próximas disso nas regiões habitadas pelos tradicionais que respeitam a natureza e não só não prejudicam a biodiversidade, como a produzem…


  11. clovis borges diz:

    Não há nenhuma discussão de que o momento atual nos impõe a condição de buscar a conciliação de instâncias minoritárias que tem agendas comuns. Não podemos nos entregar a atritos fúteis que enfraquecem uma agenda muito mais relevante. E que diz respeito ao enfrentamento de uma gestão publica federal, que busca aniquilar os avanços conquistados nas últimas décadas na agenda ambiental. Portanto um desatino se fazer tanto barulho em relação a uma ocorrência pontual em que a Fundação Florestal nada mais fez do que defender os limites de uma UC de uso indireto, portanto incompatível com a presença de habitações de populações locais. Ressalte-se que, de outra parte, amplas áreas onde antes a Estação Ecológica estava demarcada foram transformadas pelo Estado como espaços oficialmente destinados a populações tradicionais – e que lá ocupam seu território. No entanto, para podermos ter um diálogo mais franco, cabe uma posição mais explícita daqueles que estão contrários a posição tomada pela Fundação Florestal nesse caso de pouca expressão: o que se conclui pelos posicionamentos recorrentes, de fato essa fração da sociedade simplesmente não admite a existência das UCs de uso indireto e pretende extingui-las em troca de um processo de gestão em que as populações tradicionais, em geral, as ocupem na totalidade. E façam uso desses espaços dentro de sua próprias motivações e interesses. Se é assim, uma agenda bastante complexa teremos pela frente para discutir uma posição de intransigência que difere em muito com a visão de mosaico de UCs postulada, pela maioria da sociedade, como uma condição adequada para a gestão de nosso patrimônio natural e cultural.