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Delta Tankers afirma ter provas de que não derramou óleo no Nordeste

Petroleira diz que ainda não foi procurada por autoridades brasileiras. Polícia Federal afirma que notificará empresa através da Interpol para prestar informações

Sabrina Rodrigues ·
5 de novembro de 2019 · 4 anos atrás
Dona do Bouboulina, a Delta Tankers afirma ter provas de que não derramou óleo. Foto: Ülari Tomson/Marine Traffic.

A petroleira grega Delta Tankers LTD proprietária do navio Bouboulina, acusada pela Polícia Federal (PF) por ser a responsável pelo vazamento de petróleo que contamina o litoral do Nordeste há mais de dois meses, afirma possuir dados e documentos que comprovam que a sua embarcação não teve qualquer envolvimento com o derramamento do petróleo cru tipo Merey 16. 

A Delta Tankers afirma buscará maneiras de reparar legalmente os danos à sua imagem. “Como esse suposto envolvimento é prejudicial à reputação e aos negócios de uma importante companhia de navegação que opera globalmente, a empresa está agora em discussões com os assessores jurídicos sobre como eles devem se dirigir às autoridades brasileiras”, informou a empresa, por meio de nota divulgada ontem (04).

A companhia já havia dito no sábado ter vasculhado o sistema de câmeras e sensores do navio e não encontraram nada que os relacionassem ao desastre ambiental no nordeste brasileiro. Em coletiva realizada também ontem (04), a Polícia Federal afirmou que já notificou a Interpol e que a empresa terá a oportunidade de apresentar as provas. 

“Foi confirmado que o óleo é proveniente da Venezuela”, afirmou. “A embarcação grega é suspeita, está sob investigação”, disse o delegado Franco Perazzoni, chefe do serviço de geointeligência da PF. “Ela vai tomar conhecimento da investigação toda e vai ter oportunidade de apresentar estes documentos que ela alega ter”. 

A PF pediu informações à Venezuela, onde o navio foi abastecido e entrou em contato com Singapura, África do Sul e Nigéria, onde a embarcação teria passado.  

Além do delegado Franco Perazzoni, estavam presentes na coletiva o ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo e Silva; o comandante de operações navais, almirante Leonardo Puntel; o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim.

“Não é possível saber a quantidade de óleo derramada no Nordeste”

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, afirmou que não é possível estimar a quantidade de petróleo derramado na costa do Nordeste. 

“É difícil, porque ele (o óleo) fica a meia água, é imperceptível. Nós não sabemos a quantidade derramada, o que está por vir ainda.”

Sobre multas, o presidente do Ibama, Eduardo Bim, disse que a reparação dos danos causados pelo óleo custará caro. “Esse dano não está quantificado ainda. Vai ser um dano na casa dos bilhões, com certeza”. 

Já o Almirante Puntel apontou que o caso não tem precedentes no mundo. “É um caso totalmente inédito”, disse e afirmou que há diminuição no aparecimento de novas manchas de óleo, mas é cauteloso: “O que estamos vendo? Um arrefecimento real estatístico da quantidade de óleo nas praias. Há mais de cinco dias que não chega óleo nenhum em Pernambuco.”

 

 

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  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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