Reportagens

Cidades inteligentes podem poupar US$22 trilhões ao mundo

Edifícios verdes e melhor infraestrutura estimulam o crescimento econômico e também cortam carbono num total similar às emissões anuais da Índia.

Suzanne Goldenberg ·
9 de setembro de 2015 · 9 anos atrás
The Guardian Environment Network
Artigos da rede que reúne os melhores sites ambientais do mundo, selecionados pelo diário inglês The Guardian.
Foto: https://www.flickr.com/photos/cocreatr/5417867928/
Painéis solares em casas no sudeste de Yokohama (Kanagawa, Japão) mostram que os padrões de construção verde podem reduzir o uso de eletricidade. Foto: Bernd

Colocar as cidades em um rumo de crescimento inteligente — com transportes públicos abrangentes, edifícios que poupam energia e melhor gestão dos resíduos — poderia economizar até 22 trilhões de dólares e evitar o equivalente em poluição de carbono a toda a emissão anual da Índia de gases de efeito estufa, de acordo com economistas de renome.

A Comissão Mundial sobre Economia e Clima (Global Commission on Economy and Climate), uma iniciativa independente de ex-ministros das finanças e das principais instituições de pesquisa da Grã-Bretanha e de outros seis países, concluiu que cidades inteligentes em relação ao clima estimulariam o crescimento econômico e uma melhor qualidade de vida – enquanto reduziriam a poluição de carbono .

Segundo os pesquisadores, caso os governos nacionais apoiem esses esforços, a poupança nos transportes, edifícios e eliminação de resíduos poderia chegar a US$ 22 trilhões até 2050. Em 2030, esses esforços evitariam o equivalente a 3,7 gigatoneladas de carbono por ano – mais do que as emissões atuais da Índia.

A descoberta derruba a noção de que é muito caro fazer alguma coisa sobre mudanças climáticas – ou que tais esforços fariam pouca diferença. Não é verdade, disseram os pesquisadores.

“Há agora uma evidência crescente de que as emissões podem diminuir enquanto as economias continuam a crescer”, diz Seth Schultz, pesquisador do grupo C40 Cities Climate Leadership, que participou como consultor do relatório.

“Tornar-se mais sustentável e colocar o mundo – especificamente cidades – em uma trajetória de baixo carbono é viável e também uma boa forma de administrar a economia”.

O relatório conclama as cidades mais importantes do mundo a se comprometerem com estratégias de desenvolvimento de baixo carbono até 2020.

As descobertas foram lançadas no momento em que as Nações Unidas e grupos ambientalistas tentam estimular mais ação sobre as mudanças climáticas antes do começo das negociações vitais em Paris, da COP21, que ocorrerão no fim do ano.

A reunião de Paris é vista como um dos pilares dos esforços para manter o aquecimento do planeta a um máximo de 2º C, remodelando a economia global para substituir combustíveis fósseis por fontes de energia mais limpas.

A ONU reconhece que os compromissos climáticos até agora estão muito aquém da meta 2º C. Mas as estratégias delineadas no relatório – algumas das quais já estão em prática – poderiam sozinhas cobrir 20% desse hiato, disse Amanda Eichel, da Bloomberg Philanthropies, que também participou do relatório.

Dois terços da população mundial viverão em áreas urbanas em 2050, com a população urbana da África crescendo a uma taxa duas vezes maior do que o resto do mundo.

As escolhas certas agora de planos a longo prazo de desenvolvimento urbano e dos transportes poderiam melhorar a vida das pessoas e combater as mudanças climáticas, diz o relatório.

Investir em transporte público faria a maior diferença imediata. A poluição do ar já está sufocando as cidades que se esparramam em áreas cada vez maiores na Índia e China. Engarrafamentos e acidentes cobram um preço da economia local em cidades como Cairo e São Paulo.

Mas a construção de corredores de ônibus, como os que estão sendo implementados em Buenos Aires, pode cortar o tempo de transporte entre casa e trabalho em até 50%.

Padrões de construção verde podem reduzir o uso de eletricidade, aliviar o efeito ilha de calor e reduzir a demanda por água. Na gestão de resíduos, o biogás produzido a partir de resíduos poderia ser aproveitado como combustível para fornecer eletricidade às comunidades, como já estava sendo feito por Lagos, na Nigéria, e em outras cidades.

 

*Esse artigo é publicado em parceria com a Guardian Environment Network, da qual ((o))eco faz parte. A versão original (em inglês) foi publicada no site do Guardian. Tradução de Eduardo Pegurier

 

 

Leia também
Guia da ONU mostra como construir cidades mais resilientes

 

 

 

Leia também

Notícias
25 de julho de 2013

Guia da ONU mostra como construir cidades mais resilientes

Publicação do Escritório das Nações Unidas para Redução de Risco de Desastres (UNISDR) ajuda gestores públicos a lidar com eventos extremos.

Notícias
19 de abril de 2024

Em reabertura de conselho indigenista, Lula assina homologação de duas terras indígenas

Foram oficializadas as TIs Aldeia Velha (BA) e Cacique Fontoura (MT); representantes indígenas criticam falta de outras 4 terras prontas para homologação, e Lula prega cautela

Notícias
19 de abril de 2024

Levantamento revela que anta não está extinta na Caatinga

Espécie não era avistada no bioma havia pelo menos 30 anos. Descoberta vai subsidiar mudanças na avaliação do status de conservação do animal

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.