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Mapeamento indica restar mais Mata Atlântica do que se pensava

Imagens mais precisas e sistema de detecção automático indicam também que há mais de 5 milhões de hectares de áreas de preservação permanente a serem recuperadas

Vandré Fonseca ·
29 de outubro de 2018 · 5 anos atrás
Imagens de satélites indicam que ainda restam 32 milhões de hectares de Mata Atlântica, ou 28% da cobertura original do bioma. Foto: Mozart Lauxen/Ibama.

Imagens mais precisas de satélite, com detecção automática das áreas de floresta e a posterior comprovação por técnicos indicam que ainda restam 32 milhões de hectares de Mata Atlântica, ou 28% da cobertura original do bioma. Se fossem unidos em um grande bloco cobririam uma área quase do tamanho do Maranhão, o segundo maior estado do Nordeste (33,2 milhões de hectares).

Esses números equivalem ao dobro do que se imaginava ainda restar da floresta no bioma. O relatório técnico do Atlas da Mata Atlântica 2016-2017 indicava que apenas 12,4% da Mata Atlântica (16,27 milhões de hectares) permaneciam preservados em fragmentos com mais de 3 hectares. A Mata Atlântica se estende por 17 estados brasileiros, em uma região que abriga mais de 70% da população do país. É um dos ambientes com maior diversidade do mundo e também um dos mais ameaçados.

Esse novo mapa da Mata Atlântica está disponível na versão online da revista científica Perspectives in Ecology and Conservation, da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação. O estudo utilizou imagens dos satélites RapidEye que possuem resolução de 5 metros e foram detectados fragmentos que antes não eram representados. Porém, esses pequenos fragmentos são insuficientes para explicar a diferença de área de florestas mapeadas. A explicação vem de uma definição melhor dos remanescentes já conhecidos.

“A gente detectou que os fragmentos geralmente eram maiores do que estavam sendo desenhados anteriormente”, explica a autoria principal do artigo, a bióloga Camila Rezende, estudante de doutorado em Ecologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “A gente descobriu que as bordas do grande fragmento que existe hoje da Mata Atlântica, que é o fragmento da Serra do Mar, são maiores, além dos fragmentos menores que não estavam”.

A extensão da Mata Atlântica coberta por florestas pode chegar a 35% da área original até 2038, se forem cumpridos o Código Florestal e os compromissos assumidos pelo Brasil no acordo de Paris. Só as áreas de preservação permanente, com matas ciliares, que devem ser recuperaram somam 5,2 milhões de hectares.

Para a pesquisadora, os resultados positivos chegam em um bom momento. Ele acredita que a Mata Atlântica possa ser um exemplo mundial de hotspot, áreas com grande biodiversidade, que se recuperou. Mas Camila ressalta que, para isso, a Lei da Mata Atlântica e o Código Florestal, com a recuperação de reserva legais, precisam ser cumpridos.

O artigo lembra que apesar da perda da maior parte das florestas, remanescentes da Mata Atlântica abrigam mais de 2,4 mil espécies de vertebrados e 20 mil espécies de plantas. O bioma concentra 60% das espécies ameaçadas do Brasil, 380 espécies da fauna e mais de 1,5 mil da flora correndo o risco de extinção.

 

Saiba Mais

Artigo: From hotspot to hopespot: An opportunity for the Brazilian Atlantic Forest.

Acesse o relatório técnico do Atlas da Mata Atlântica

 

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Comentários 2

  1. George diz:

    Obviamente o segundo estudo considerou qualquer embaubal em declínio como "Mata Atlântica". Assim é fácil


  2. Rosemeri Moro diz:

    Interessante, mas lembro que as imagens Rapid Eye do geocatalogo do MMA são de 2011. Não há muitos motivos para se alegrar, pelo menos por ora, uma vez que a maioria são áreas desconectas e de pouca qualidade, em estágiio sucessional inicial ou médio. Se ficar intocado, daqui a duas gerações será uma noticia muito posititva!