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Incêndio no Pantanal atinge 2.430 focos em outubro, pior mês desde 2002

Desde agosto, as queimadas no bioma deixaram um rastro de destruição pelo caminho. Não houve vítimas humanas fatais e ainda não se tem balanço sobre a fauna atingida

Sabrina Rodrigues ·
7 de novembro de 2019 · 4 anos atrás
O pantanal sofre as piores queimadas desde 2007. Foto: Chico Ribeiro/Secretaria de Comunicação de Mato Grosso do Sul. 

Milhares de pontinhos amarelos aparecem no mapa do Sistema Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais. Do dia 01 de novembro até esta quinta-feira (07), 912 focos foram detectados no Pantanal. No ano, entre 01 de janeiro e 06 de novembro, houve 9.394 focos de incêndio no bioma, pior série desde 2007, quando os satélites detectaram 9.869 focos nesse mesmo período. 

O descontrole das queimadas já fez o governador do Mato Grosso do Sul, estado que detém a maior parte do bioma Pantanal, decretar em setembro situação de emergência em municípios afetados pelas queimadas. 

Na mata, animais são encontrados mortos. Foto: Chico Ribeiro/Secretaria de Comunicação de Mato Grosso do Sul.

Embora, ainda não se tenha o balanço do quanto de fauna e flora foram atingidas pelas chamas, o que se encontra ao longo do pantanal sul-matogrossense é um cenário de devastação: animais mortos, vegetação totalmente queimada, e quem passa pela BR-262, que leva até a cidade de Corumbá, periga não conseguir enxergar a pista direito, por causa da fumaça. 

Segundo o Corpo de Bombeiros, o principal foco atual de queimadas está localizado entre os municípios de Miranda e Corumbá.

Impacto no habitat das Araras Azuis

Localizado em Miranda, o Refúgio Ecológico Caiman, santuário das araras azuis que perdeu 61% do território em setembro, dessa vez não foi tomado pelas chamas. O Instituto Arara-Azul já divulgou o 1º Relatório do Impacto do Fogo sobre as Araras Azuis .

“A maior parte dos ninhos não foi diretamente atingida pelo fogo, pois estava em área onde o fogo não passou, mas 33% dos ninhos cadastrados (N=98) foram atingidos com diferentes graus de severidade”, diz o relatório. 

Apenas dois ninhos foram perdidos com o incêndio, mas as chamas provocaram mudanças na paisagem que podem afetar diretamente a sobrevivência da Anodorynchus hyacinthinus. “(…) por onde o fogo passou, provocou diferentes graus de severidade na paisagem. Em alguns locais, queimou praticamente tudo. Em outros, queimou somente a grama e vegetação rasteira. Porém, queimou extensas áreas de palmeiras de acuri (Scheelea phalerata) e bocaiúva (Acrocomia aculeata) que servem de alimentação para as araras azuis, uma das aves mais especialistas do Pantanal”.

Bombeiros do DF vão ajudar no combate ao fogo

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) enviou 31 militares e 6 viaturas para ajudar a combater os incêndios florestais em Mato Grosso do Sul. 

O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul informou que um montado um Sistema de Comando de Incidentes, envolvendo várias instituições, entre elas: CBMMS, PMMS, IBAMA, ICMBio, Defesa Civil, CBMDF, CBMMT, INPE. O número de pessoas envolvidas no combate ao fogo gira em média de 200 por dia.

Segundo a ONG WWF, o total de área queimada em 2019 passa de um milhão de hectares

Fogo pela Br-262, que leva até a cidade de Corumbá. Foto: Chico Ribeiro/Secretaria de Comunicação de Mato Grosso do Sul.
Quem passa pela BR-262, que leva até a cidade de Corumbá, periga não conseguir enxergar a pista direito, por causa da fumaça. Foto: Chico Ribeiro/Secretaria de Comunicação de Mato Grosso do Sul.
Foto: Chico Ribeiro/Secretaria de Comunicação de Mato Grosso do Sul. 

 

 

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  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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Comentários 1

  1. B. Dutra diz:

    Há muito superficialismo e pouco aprofundamento nas questões fundamentais da vida individual e da sociedade. Ha grande empenho em manter tudo como está para assegurar os privilégios dos que se alojaram no topo. Fundamental no Brasil é o bom preparo para a vida descuidado por todos os poderes desde a queda do Império. Fundamental é a preservação das áreas de mananciais, rios e mares. Crimes como os de Mariana e Brumadinho são varridos para debaixo do tapete. Por mais de meio século sofremos a sangria dos juros extorsivos e nada se fez. Matamos a industria e nada foi investigado.