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Cinco novas RPPNs são criadas no estado do Rio de Janeiro

As novas reservas particulares somam 39 hectares e ajudam a proteger áreas remanescentes de Mata Atlântica no estado. Rio possui 96 RPPNs estaduais

Duda Menegassi ·
27 de agosto de 2020 · 4 anos atrás
RPPN Canto da Coruja. Foto: Henrique Seixas.

O Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, o Inea, reconheceu cinco novas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) que somam mais 39 hectares de Mata Atlântica protegida no estado. Localizadas nos municípios de Mangaratiba, Miracema, Santa Maria Madalena e Nova Friburgo, as novas reservas foram criadas com apoio do Programa Estadual de RPPNs, que ajuda não apenas na criação, mas também na implementação das unidades de conservação privadas. 

“Com mais estas cinco, o Rio de Janeiro contabiliza 96 RPPNs reconhecidas pelo órgão ambiental estadual, de um total de 169. As RPPNs são importantes para o nosso estado, onde a maior parte dos remanescentes florestais encontram-se em terras privadas”, explica a presidente do Inea Diane Rangel. As reservas já existentes protegem cerca de 8.400 hectares do bioma no estado.

O reconhecimento das reservas foi publicado na última sexta-feira (21), no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, através das Portarias nº 946, nº 947, nº 948, nº 949 e nº 950. Com elas ficam oficializadas as seguintes RPPNs:

    • RPPN Pertinho do Céu, no município de Mangaratiba, com 18,93 hectares;
    • RPPN Bugios da Boa Esperança II, em Miracema, com 6,47 hectares;
    • RPPN Terras Frias, em Santa Maria Madalena, com 3,56 hectares;
    • RPPN Raibert, em Nova Friburgo, com 7,37 hectares;
    • RPPN Canto da Coruja, em Nova Friburgo, com 2,40 hectares.

“O Programa [Estadual de RPPNs] é um elemento-chave nessa colaboração para criação de novas RPPNs. O projeto apoia com georreferenciamento, ajuda na parte burocrática, elaboração de Planos de Manejo. Ele é de fundamental importância para as RPPNs atuais e para as futuras também”, conta o proprietário da RPPN Canto da Coruja, Bernardo Furrer. 

O rrppnista, como são chamados os donos das reservas particulares, lembra que o projeto quase acabou em abril deste ano, quando o contrato da empresa que coordena o programa foi encerrado, e que graças à mobilização dos proprietários e da sociedade civil, foi possível impedir o fim da iniciativa. ((o))eco cobriu esta história, numa reportagem que pode ser lida aqui.

“Quando nós soubemos que o projeto estava ameaçado, nós nos mobilizamos, criamos grupos de Whatsapp com dezenas de rppnistas. Cada um pressionou por onde foi possível, na imprensa, nas redes sociais, e esse esforço mostrou como que esse projeto é importante para que as RPPNs possam continuar a ter sua trajetória de criação e desenvolvimento. E foi muito importante e uma satisfação a continuidade do projeto”, lembra Bernardo.

O Programa Estadual das RPPNs é financiado por recursos de compensação ambiental, aprovados através do Fundo da Mata Atlântica. Em abril, conforme também anunciamos por aqui, a IDG, empresa gestora do fundo, voltou atrás na decisão de suspender o contrato e decidiu manter o programa, porém com cortes de 17% no orçamento.

Desde a recontratação, além de apoiar na criação das novas RPPNs, o programa também realizou a entrega de 4 planos de manejo, fez uma oficina para elaboração de planos de manejo voltada aos proprietários, e promoveu eventos online. Atualmente, há mais de 10 reservas em processo de criação com apoio da iniciativa, cujo novo contrato é válido até dia 2 de janeiro de 2021.

Sobre a motivação para criar uma reserva, Bernardo Furrer não hesita. “É a vontade de preservar esse ambiente, no nosso caso a Mata Atlântica, e ao mesmo tempo fazer com que essa preservação esteja inserida num contexto também público. Seja na visitação, seja na parte cultural ou de pesquisa científica. E dar um sentido social também à essa parcela de terra”, resume.

 

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  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

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