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Crime organizado é responsável pelo desmatamento na Amazônia, diz Raquel Dodge

Segundo a PGR, é preciso enfrentar o problema como um fenômeno transnacional, onde há quem desmata e quem usa essa madeira no exterior

Sabrina Rodrigues ·
3 de setembro de 2019 · 5 anos atrás
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Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Para a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, é preciso combater o crime organizado que desmata, enfrentando o problema da corrupção da lavagem de dinheiro. Foto: Leonardo Prado / Secom / PGR.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que o crime organizado é responsável pelo desmatamento da Floresta Amazônica. A declaração foi feita na solenidade de abertura da reunião de trabalho entre procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e representantes da Eurojust (Unidade de Cooperação Jurídica da União Europeia), feita ontem (02), em Brasília.

Dodge afirmou que é preciso enfrentar a questão como um fenômeno transnacional, pois segundo informações apuradas pelo MPF, há indícios da existência de associação entre grupos que derrubam a mata e os compradores de madeira no exterior, para onde segue grande parte do produto extraído ilegalmente das florestas brasileiras.

“[A madeira] não é usada só no território brasileiro. Aliás, é poucas vezes usada no território nacional. Inclusive, porque o porto do escoamento é no Norte do Brasil, não é para dentro do Brasil”, declarou a procuradora-geral. 

Segundo Raquel Dodge, o empreendimento de desmatamento é muito oneroso.“Porque adentrar a floresta, desmatá-la numa primeira fase com uso de mão de obra escrava, carregar aquelas toras, encaminhá-las pelo rio até chegar ao porto, transportá-las de navio até o exterior é obra de uma organização e de um engendramento que não é fruto de coautoria, de uma ação ocasional não planejada”.

Para combater o crime, a PGR reforçou a necessidade de implementação de ações conjuntas entre o Ministério Público brasileiro e autoridades estrangeiras para o enfrentar o problema da corrupção e da lavagem de dinheiro. “Inclusive, porque os outros países têm sido santuário do desvio do dinheiro do patrimônio público brasileiro. Se não houver cooperação para que os países europeus não sejam o destino desse dinheiro desviado do nosso patrimônio público, essa corrupção continuará a ser praticada”, enfatizou Dodge.

 

 

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  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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