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Sobrepesca atinge um terço do estoque mundial de peixes

Excesso da atividade de pesca ganham precisão com nova pesquisa divulgada por universidade canadense, que aprimorou dados da década de 1950 até hoje.

Duda Menegassi ·
15 de março de 2016 · 8 anos atrás
Parece pintura, mas é só sobrepesca mesmo. Foto: Derek Keats/Flickr

Quase um terço do estoque global de peixes está sobre explorado pela pesca, segundo dados preliminares divulgados no Índice de Performance Ambiental (EPI). Desse total, entre 7 e 13% entrou em grave declínio. Os números são parte da iniciativa de pesquisa Sea Around Us (SAU), da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, que se propôs a fazer uma reconstrução tão apurada quanto possível dos dados de pesca desde 1950 até 2010.

A proposta atende à urgência por melhores informações sobre a exploração dos oceanos nas últimas décadas, que permitam verificar o que aconteceu com os estoques de peixes ao longo desses 66 anos. A comparação é vital para analisar o grau do impacto causado pela pesca, traçar planos de gestão sustentável mais eficientes e conter futuras extinções ou colapsos de espécies super exploradas.

A pesquisa  constatou que os relatórios fornecidos pelos países eram na maioria incompletos, pois ignoravam dados de pequenos pesqueiros e de parte das operações comerciais. A nova estimativa feita pela Sea Around Us levanta não apenas estes números, mas também contabiliza peixes descartados antes dos barcos retornarem, a chamada pesca acidental. De acordo com o Índice de Performance Ambiental, nos Estados Unidos o descarte alcança 17% do total pescado, número alto e quase sempre ausente nas estatísticas.

Dados_PescaSAU

Outro desafio é a falta de estatísticas fornecidas pelos próprios governos, como é o caso de Djibouti e mesmo da Suécia, que, segundo o estudo, fornecem informação insuficiente para uma boa medição.

Apesar da pesquisa feita pela Universidade da Colúmbia Britânica indicar como são subestimados os números da pesca global, não mensura efeitos colaterais da atividade pesqueira sobre outras espécies da fauna marinha, flora ou nos recifes de corais. Entretanto, o trabalho é um avanço na compreensão do estado dos oceanos.

A análise dos dados está em fase final e usará novos números dos relatórios da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

 

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  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

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Comentários 2

  1. bruna diz:

    Olá Clesio, sou bióloga e trabalho com Biologia Reprodutiva com ênfase em peixes. E, garanto que, não são todas as espécies que desovam de dezembro a fevereiro. É uma falácia, infelizmente precisamos de mais pesquisa nesse campo de estudo e de mais leis para o controle da fauna aquática. Nem chega a 30% do número que utiliza esse período para a reprodução. É preciso compreender que cada espécie possui um comportamento e que é necessário leis mais rígidas e que possam aceitar os trabalhos de biólogos que trabalham nessa área.

    Cumprimentos, Bruna.


  2. Sou pescador amador, acho um crime não respeitar a época do defeso, quando as fêmeas, estão com ovas (dezembro a fevereiro). Precisaríamos divulgar essa informação para preservar as espécies.Falta fiscalização e regulamentação. A pesca embarcada onde há descarte sem critério é um crime que precisaria ser combatido. Temos que defender nosso meio ambiente, pois aqui trata-se de alimento rico em vitaminas e que poderia alimentar pessoas famintas, e o que é pior, uma dia acabará. Terror e vergonhoso.