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‘Não fui eu’, diz Henri Castelli sobre mero abatido

Ator se desculpa após polêmica sobre foto com peixe mero morto, na garupa de uma moto. Disse que ficou impressionado com o tamanho do peixe levado por um pescador

Vandré Fonseca ·
16 de agosto de 2017 · 7 anos atrás
Moratória do mero foi prorrogada até 2023. Crédito: Áthila Bertoncini.
Moratória do mero foi prorrogada até 2023. Crédito: Áthila Bertoncini.

Alguns dias após exibir em uma rede social a foto de um mero (Epinephelus itajara), peixe ameaçado de extinção e protegido pela lei brasileira, na garupa da moto, o ator Henri Castelli finalmente deu uma satisfação sobre o episódio. Disse não ter matado e não ter transportado o peixe. Apenas fez pose para a foto na motocicleta de um pescador.

Em pronunciamento reproduzido em sites especializados em celebridades, afirmou que estava em Maceió, quando se surpreendeu com o tamanho do peixe carregado pelo pescador na moto. “Quando perguntei, ele disse que era um badejo e que há muito tempo não pegavam um grande assim”, declarou o ator.

Henri Castelli é mergulhador e costuma compartilhar imagens de suas aventuras subaquáticas nas redes sociais. Já havia divulgado um encontro com um mero embaixo d’água. Por isso, a possibilidade de não ter reconhecido a espécie era descartada por ambientalistas. Em outra ocasião, ele causou polêmica após ser ferido por uma arraia.

“Não está claro se foi ele ou não, mas da forma que escreveu dá a entender que ele pescou”, destacou o biólogo Matheus Freitas, do Instituto Meros do Brasil, antes de Castelli apresentar a desculpa. “E a lei diz que é proibido pescar, comercializar ou transportar”, completa.

A desculpa agora terá de ser dada ao Ibama. Na segunda-feira, o Instituto já havia encaminhado ao ator um auto de infração de R$ 5 mil, por transportar espécie ameaçada de extinção. Além disso, o crime seria comunicado ao Ministério Público Federal para a apuração de responsabilidade penal.

Após a repercussão negativa da fotografia, ela foi tirada do ar. Entre as mensagens, ironias: “Matou um peixe ameaçado de extinção!!! Parabéns!”. A hashtag usada pelo ator “#vidadepescadornaoéfacil” também foi ironizada, com a resposta “#vidadeanimalemextincaonaoefacil”.

Print da página do ator no Instagram. Após críticas, foto foi apagada.
Print da página do ator no Instagram. Após críticas, foto foi apagada.

O mero é uma espécie do mesmo grupo dos badejos e garoupas, mas atinge um tamanho muito maior. Enquanto seus parentes chegam a 50 ou 60 quilos, o mero pode atingir 400 quilos. E justamente por isso, pescadores são tentados a tirá-lo da água. Pescar um mero, apesar de proibido, rende muito mais do que uma garoupa ou um badejo.

Ele é encontrado desde o Sul dos Estados Unidos até o litoral de Santa Catarina, associado a manguezais, recifes de corais e costões rochosos. Ele depende os mangues para se desenvolver, onde pode ser encontrado ainda bem pequeno, com tamanho de 10 a 15 centímetros, segundo Freitas.

A espécie é emblemática, de acordo com Freitas, e foi a primeiro no Brasil a ser atendida por uma lei de proteção, em 2002. Desde então, com base em dados que demonstram a redução populacional do peixe, a portaria que proíbe a pesca do peixe tem sido reeditada e a restrição foi estendida até 2023.

Mas ainda está sob ameaça. Além da destruição dos habitats, como mangues e corais, o peixe continua a ser capturado e abatido. Em estuário, juvenis são ameaçados pelas redes. Nos corais, a ameaça vem da pesca subaquática. Apesar de pescadores serem uma preocupação, para o biólogo, a exposição do peixe feita pelo ator é ainda mais grave, pois pode servir de exemplo: “É uma pessoa pública, enaltecendo a captura de uma espécie ameaçada”.

 

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Comentários 4

  1. Melck Nunes diz:

    Queria fazer a denuncia ?


  2. paulo cesar diz:

    Educação civica dos poderosos. depois é só apagar a foto rapidinho.


  3. Angela Kuczach diz:

    O mínimo que se espera é que o IBAMA aplique a legislação cabível independente de ser pesca ou compra ou transporte. Crime é crime e pronto.
    Efeito didático.


  4. N. Rubens diz: