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Cientistas apresentam o top 10 das novas espécies descobertas

A College of Environmental Science (ESF) divulgou as dez melhores espécies descobertas em 2017. Um tipo de árvore rara na Mata Atlântica está na lista

Sabrina Rodrigues ·
24 de maio de 2018 · 6 anos atrás
Jueirana-facao (Dinizia jueirana-facao) na Reserva Natural Vale, no Espírito Santo. Crédito: Gwilyn Lewis.

Grandes, pequenos, belos e não tão belos assim. Essas são as espécies que figuram esse ano na lista das 10 Novas Espécies mais importantes de 2017. E tem espécie brasileira na lista, uma árvore majestosa de 40 metros de altura.

Um primata raro, um organismo unicelular e um fóssil de leão-marsupial que habitou na Austrália estão entre as espécies listadas.

Veja a lista:

1.Protista (Ancoracysta twista) – Descoberto em um aquário em San Diego, Califórnia, EUA, este novo protista unicelular desafiou os cientistas a determinar seu parentesco mais próximo. Na verdade, ele não se encaixa dentro de qualquer grupo conhecido e parece ser de uma linhagem eucariota, ainda não descoberta e com um genoma mitocondrial excepcionalmente rico.

Ancoracysta twista. Crédito: DENIS TIKHONENKOV /RUSSIAN ACADEMY OF SCIENCES.

 

  1. Árvore da Mata Atlântica Jueirana-facao (Dinizia jueirana-facao) – Nada melhor do que começar uma lista das 10 novas espécies com uma brasileira. Catalogada no ano passado por quatro cientistas e com artigo publicado pela revista Springer, a jueirana-facão é conhecida pela população da Reserva Natural Vale, um dos últimos grandes remanescentes da Floresta de Tabuleiro — uma das formações florestais mais ameaçadas do Bioma Mata Atlântica. A reserva fica no norte do Espírito Santo.

A árvore impressiona pelo seu tamanho e peso, com 40 metros de altura e 62 toneladas. Entretanto, a espécie está limitada a somente 25 indivíduos, metade das quais estão na área protegida, tornando-se criticamente ameaçada. Os cientistas acreditam que a jueirana-facao é o maior e mais pesado ser vivo descoberto em 2017.

Dinizia Jueirana-facao – Crédito Domingos A Folli.

 

  1. Amphipoda quasimodo (Epimeria quasimodo) – A nova espécie tem um nome que remete a um dos personagens fictícios mais famosos da literatura mundial: Quasímodo, o Corcunda de Notre Dame, do escritor francês Victor Hugo. A referência é em relação às costas um pouco corcunda desse crustáceo de 50 milímetros de comprimento, descoberto nas águas geladas do Oceano Antártico.
Epimeria-quasimodo. Crédito: Cédric D’udekem D’acoz, ©Royal Belgian Institute Of Natural Sciences.

 

  1. Besouro (Nymphister kronaueri): esse pequeno escaravelho de 1,5 milímetros de comprimento que vive no meio de uma espécie de formigas, as Eciton mexicanum, foi descoberto na Costa Rica. Estas formigas são nômades, não constroem ninhos permanentes e enquanto viajam, os escaravelhos agarram-se ao abdómen das formigas e vão de carona.

 

De relance, uma formiga com o besouro a bordo parece ter dois abdomens, mas o superior é um Nymphister kronaueri. Crédito: © D. KRONAUER.

 

  1. Orangotango Tapanuli (Pongo tapanuliensis): Em 2001, os orangotangos do norte de Sumatra, na Indonésia e de Bornéu foram reconhecidos como espécies distintas (Pongo abelli e Pongo pygmaes). Mas um grupo de pesquisadores investigaram melhor e concluiu que uma população isolada em Batang Toru, em Sumatra, era totalmente diferente dos orangotangos do norte e Bornéu. No final do ano passado, foi publicado na revista científica Current Biology a existência de 800 indivíduos de Pongo tapanuliensis.

Esse grupo de orangotango é o mais ameaçado do mundo, que vive em habitats fragmentados espalhados por cerca de 1.000 quilômetros quadrados em colinas de altitude média e florestas de cerca de 300 a 1.300 m acima do nível do mar. O seu tamanho é semelhante a de outros orangotangos, com fêmeas com menos de 1,22 m de altura e machos que não passando de 1,5 m.

Pongo tapanuliensis. Crédito – Tim Laman.

 

 

 

 

 

 

  1. Peixe-caracol (Pseudoliparis swirei): Batizado como “peixe-caracol de Mariana”, essa espécie é um peixe pequeno, parecido com um girino, medindo pouco mais de quatro polegadas de comprimento, 112 milímetros. O Pseudoliparis swirei vive a mais de 8 quilômetros de profundidade, na Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico Sul. O peixe pertence à família Liparidae, que tem mais de 400 espécies.
Descoberto nas profundezas da Fossa das Marianas, o Pseudoliparis swirei é um peixe pequeno, parecido com um girino. Crédito: Mackenzie Gerringer, University of Washington. ©Schmidt Ocean Institute.

 

  1. Flor Heterotrófica (Sciaphila sugimotoi): A maioria das plantas é autotrófica, capturando energia solar para alimentar-se por meio da fotossíntese. Mas a flor, recentemente descoberta na ilha Ishigaki, no Japão,  a Sciaphila sugimotoi são heterotróficos, não dependendo do sol, mas sim de outros organismos. Com pouco menos de 10 centímetros de altura, a delicada Sciaphila sugimotoi aparece em curtos períodos de floração durante os meses de setembro e outubro, produzindo pequenas flores. A espécie é considerada criticamente ameaçada, já que foi encontrada em apenas dois locais da ilha em floresta úmida de folhas verdes, representada por talvez 50 plantas.
Sciaphila sugimotoi – Crédito:Takaomi Sugimoto.

 

  1. Bactéria Vulcânica (Thiolava veneris): Quando o vulcão submarino Tagoro entrou em erupção nas Ilhas Canárias em 2011, causou um aumento brusco da temperatura na água, uma redução do oxigênio e a liberação de dióxido de carbono e sulfeto de hidrogênio para o ecossistema marinho. Três anos depois, os cientistas encontraram os primeiros colonizadores dessa área – uma nova espécie de bactéria esbranquiçada de cerca de 2.000 metros quadrados, com cerca de 2000 metros de profundidade, com estruturas longas, semelhantes a pêlos.

As características metabólicas desta nova espécie permitem-lhe colonizar um novo fundo marinho, preparando o caminho para a chegada de outras espécies. Os cientistas apelidaram essas novas espécies de  “Cabelo de Vénus”.

Thiolava veneris. Crédito: Miquel Canals, Universidade de Barcelona, Espanha.

 

  1. Leão-marsupial (Wakaleo schouteni): Pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, descobriram  fósseis que provaram ser de um animal até então desconhecido. O animal em questão é um leão-marsupial, o Wakaleo schouteni, que andava pela região há 23 milhões de anos, no Período Oligoceno, o terceiro da Cenozóica. Pesando um pouco mais de 22 quilos, este predador passou parte do seu tempo em árvores. Seus dentes sugerem que não era completamente dependente de carne, mas sim um onívoro.
Ilustração de como seria o Leão-marsupial. Crédito: Peter Schouten.

 

  1. Besouro da caverna ( Xuedytes bellus): Essa nova espécie de besouro foi descoberta em uma caverna em Du’an, província de Guangxi, China. Com menos de meia polegada de comprimento (cerca de 9 milímetros), o Xuedytes bellus está adaptado à vida na permanente escuridão das cavernas. Os besouros que se adaptam à vida na escuridão das cavernas muitas vezes se assemelham a um conjunto de características, incluindo um corpo compacto, apêndices parecidos com aranhas, e perda de asas.
O Xuedytes bellus está adaptado à vida na permanente escuridão das cavernas. Crédito: Sunbin Huang e Mingui Tian.

 

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  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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