Notícias

INPE: Disparam alertas de desmatamento em janeiro

Dados desta sexta-feira sobre a Amazônia apontam crescimento de 714%. Porém, perdas mantêm tendência de queda no acumulado do ano.

Daniele Bragança · Rafael Ferreira ·
21 de fevereiro de 2014 · 10 anos atrás

Ministra Izabella Teixeira e o presidente do Ibama, Volney Zanardi, apresentam os dados do desmatamento na Amazônia. Foto: Martim Garcia/MMA.
Ministra Izabella Teixeira e o presidente do Ibama, Volney Zanardi, apresentam os dados do desmatamento na Amazônia. Foto: Martim Garcia/MMA.

Alertas do sistema Deter, do INPE, sugerem um aumento de 714% no desmatamento de janeiro/2014, comparado a janeiro/2013. A área total  subiu de 9,26 km² para 75,41 km² na comparação entre esses dois meses.

Entretanto, considerando a área de desmatamento acumulada entre agosto e janeiro (comparada ao mesmo período do ano anterior), ocorreu uma queda de 19%. Portanto, a subida de janeiro pode ser pontual.

Em novembro e dezembro de 2013 houve quedas bruscas na área de desmatamento. Em novembro de 2013, a área caiu 47,5%, de  205,11 km² para 107,66 km²(novembro/12). O mesmo ocorreu em dezembro, com queda de 28,8%, comparada com o mesmo mês do ano passado. Desde setembro não era registrada alta mensal nos dados do desmate (Veja gráfico).

O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon chegou a um resultado semelhante. Em janeiro, o desmatamento também subiu acima do esperado. Detectou-se 107 quilômetros quadrados de desmate, um aumento de 206% em relação a janeiro de 2013 quando o desmatamento somou 35 km².

Balanço

O balanço divulgado na tarde desta sexta-feira (21) pelo Ministério do Meio Ambiente enfatiza a diminuição dos números desde agosto, quando começa o novo ano no calendário do desmatamento, que vai de agosto a julho do ano seguinte.

De acordo com o INPE, foram desmatados 1.162,50 km2 nos últimos seis meses (agosto/13 a janeiro/14). No mesmo período anterior (agosto/12 a janeiro/13), os satélites registraram 1.427,99 km2 suprimidos.

O governo não divulgava os dados do desmatamento desde outubro, quando revelou os dados do Prodes — que mede com precisão o desmatamento anual da Amazônia –, que mostraram um aumento de 28% do desmatamento na Amazônia.

O Deter calcula os números do desmatamento usando como base as imagens geradas pelo sensor Modis, a bordo de satélites da NASA. Esses dados orientam ações de repressão ao desmatamento na região e também é usado para indicar a tendência do desmatamento. A precisão é limitada, pois o Deter só detecta polígonos de desmatamento em áreas acima de 25 hectares. Por isso, é considerado um sistema de alerta.

Trabalho conjunto

“Os trabalhos dos últimos dois meses foram focados em sofisticar os processos de controle”, declarou Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente. Segundo ela, o trabalho de reprimir o desmatamento ilegal na Amazônia não é exclusividade do governo federal e, por isso, há uma busca por fortalecer as parcerias com os estados

O Ibama aplicou 1.540 autos de infração nos últimos 6 meses, superando a marca de R$ 500 milhões em multas. Foram embargadas 40 mil hectares de terras e apreendidos 26 mil metros cúbicos de madeira, o correspondente a cerca de 300 caminhões carregados de toras.

 

 

Saiba Mais
Resumo do relatório do Deter

Leia Também
Mato Grosso e Pará, os campeões de desmatamento na Amazônia
Inpe e Imazon: vigilantes do desmatamento na Amazônia
Acre é destaque na luta contra desmatamento da Amazônia

 

 

 

  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também

Notícias
2 de maio de 2024

Chuvas no RS – Mudanças climáticas acentuam eventos extremos no sul do país

Cheias batem recordes históricos e Rio Grande do Sul entra em estado de calamidade. Mais de 140 municípios foram atingidos e barragem se rompeu na serra

Notícias
2 de maio de 2024

Estudo sobre impacto das alterações no clima em aves pode ajudar espécies na crise atual

Alterações climáticas reduziram diversidade genética de pássaros na Amazônia nos últimos 400 mil anos, mas algumas espécies apresentaram resistência à mudança

Reportagens
2 de maio de 2024

Sem manejo adequado, Cerrado se descaracteriza e área fica menos resiliente às mudanças no clima

Estudo conduzido ao longo de 14 anos mostra que a transformação da vegetação típica da savana em ‘cerradão’ – uma formação florestal pobre em biodiversidade – ocorre de forma rápida; mata fica menos resistente a secas e queimadas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.