Notícias

Calor intenso branqueia corais da Baía da Ilha Grande

Projeto Coral Vivo relaciona fenômeno com atraso das massas de águas frias no local. Temperatura chegou a registrar 34 ºC no mar.

Redação ((o))eco ·
20 de fevereiro de 2014 · 10 anos atrás

 

Corais branqueados. Foto: Adriana Gomes/ESEC Tamoios.
Corais branqueados. Foto: Adriana Gomes/ESEC Tamoios.

“Encontramos corais mortos ao longo de toda a baía. Outros ainda estão vivos e podem se recuperar”, explica a bióloga Adriana Gomes, analista ambiental da Estação Ecológica de Tamoios. Ela monitora os corais nas 29 ilhas que compõem a Unidade de Conservação e o mar do entorno, dentro da baía da Ilha Grande, entre os municípios de Angra dos Reis e Paraty.

A temperatura da água estava atípica: no final de janeiro, chegou a 34 ºC no mar, um recorde nunca registrado desde que, há dez anos, existem medições locais. Segundo pesquisadores do projeto Coral Vivo, foi este calor intenso de janeiro e fevereiro que causou o problema. O Coral Vivo se dedica a estudar as colônias de corais.

O branqueamento ocorre quando o coral expulsa as microalgas (chamadas zooxantelas) que vivem no seu interior e lhe dão cor. Isto ocorre por causa de estresses como acidez ou aquecimento da água, ou poluição. No caso da Costa Verde fluminense, o fenômeno está relacionado à elevação da temperatura.

Fenda saudável tempos atrás. Foto: Adriana Gomes/ESEC Tamoios
Fenda saudável tempos atrás. Foto: Adriana Gomes/ESEC Tamoios
A mesma, com o branqueamento. Foto: Adriana Gomes/ESEC Tamoios
A mesma, com o branqueamento. Foto: Adriana Gomes/ESEC Tamoios

O calor foi potencializado pela geografia da região. De acordo com o biólogo marinho Gustavo Duarte, coordenador executivo do Projeto Coral Vivo, houve um atraso na ressurgência de Cabo Frio, um fenômeno que empurra as águas geladas do fundo para a superfície em novembro. Apenas em fevereiro a temperatura do mar começou a se normalizar.

Segundo Duarte, “Quando os corais do litoral brasileiro sobrevivem a esse tipo de estresse crônico, em seis meses, recuperam a coloração, com o retorno das algas zooxantelas à colônia”. Em outras partes do mundo, a taxa de mortalidade é maior.

Para estudar os corais, Duarte usa uma espécie de laboratório marinho dotado de tanques onde são simulados condições ambientais específicas para corais. Lá, estuda-se as reações das colônias a mudanças de temperatura e acidez da água.. O nome do equipamento é mesocosmo marinho e a unidade do Projeto Coral Vivo fica em Arraial d’Ajuda, na Bahia. O equipamento permite simular mudanças climáticas e testar o resultado de episódios como este que ocorreu em Paraty.

Fato isolado

Os pesquisadores do Projeto Coral Vivo também estão colhendo relatos de mergulhadores e pesquisadores da região da baía da Ilha Grande. Até o momento, parece que o fenômeno se restringiu ao local, sem atingir outras regiões do estado.

 

Clique nas imagens para ampliálas e ler as legendas

 

 

Leia Também
Ameaça aos recifes de corais brasileiros
Perda de coloração dos corais é evidência das mudanças climáticas
75% dos corais ameaçados de extinção

 

 

 

Leia também

Salada Verde
17 de maio de 2024

Avistar celebra os 50 anos da observação de aves no Brasil

17º Encontro Brasileiro de Observação de aves acontece este final de semana na capital paulista com rica programação para todos os públicos

Reportagens
17 de maio de 2024

Tragédia sulista é também ecológica

A enxurrada tragou imóveis, equipamentos e estradas em áreas protegidas e ampliou risco de animais e plantas serem extintos

Notícias
17 de maio de 2024

Bugios seguem morrendo devido à falta de medidas de proteção da CEEE Equatorial

Local onde animais vivem sofre com as enchentes, mas isso não afeta os primatas, que vivem nos topos das árvores. Alagamento adiará implementação de medidas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.