Colunas

Educação ambiental para as crianças de hoje

Em um mundo em que a informação vem em turbilhão e as telas empacotam as paisagens, não é fácil ensinar crianças a gostar da natureza.

6 de janeiro de 2014 · 10 anos atrás
  • Maria Tereza Jorge Pádua

    Engenheira agrônoma, membro do Conselho da Associação O Eco, membro do Conselho da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Nat...

 

Natureza no iPad não substitui a sua vivência. (Foto ilustrativa)
Natureza no iPad não substitui a sua vivência. (Foto ilustrativa)

Meus netos, como sempre, estão passando as férias na minha casa em Florianópolis. Eles estão acostumados com “lições” sobre conservação da natureza e o uso adequado dos recursos naturais. Seus pais são engenheiros florestais e, Marc e eu, somos ambientalistas profissionais. Sempre os levamos para ver Parques Nacionais, no Brasil e no Peru, para admirar grandes animais como baleias, tamanduás, ou acompanhar acontecimentos como, por exemplo, os dos papagaios charões.

Eles amam os cachorros que têm, bem como o gato, mas sabem, pois sempre explicamos as diferenças de animais silvestres e domésticos. Lembro-me a primeira vez que fiz meu neto, então com quatro anos, combater uma espécie invasora: os caramujos africanos. Como é difícil ensinar que não há que matar animais silvestres, não há que abater árvores e, ao contrário, que devemos amar a natureza e depois ter de capturar e matar uma espécie invasora e, portanto, perigosa para o meio ambiente. Não sei como funciona isto na cabeça de uma criança pequena, mas deve ser bem complicado de processar. Sobre o assunto, publiquei aqui mesmo a coluna “A Chegada dos Netos”.

Realidade versus Eletrônicos

“Só ver paisagens? Eu as tenho na internet. Vocês são uns ultrapassados, pois tudo está na internet sobre este Parque Nacional”. Durma-se com uma destas!

Como é difícil ensinar os pequerruchos. Porém, mais difícil é tentar ensiná-los hoje, com tudo o que eles têm disponível nos aparelhos que nós mesmos presenteamos nos natais da vida: ipods, computadores, smartphones, tablets e o que mais chegar de novidades tecnológicas. Quando os convidei a última vez para um passeio meu neto perguntou: “O que vamos fazer?”, e respondi que iríamos visitar um Parque Nacional de paisagens espetaculares. Ele protestou: “Só ver paisagens? Eu as tenho na internet. Vocês são uns ultrapassados, pois tudo está na internet sobre este Parque Nacional”. Durma-se com uma destas!

Parabenizo as nossas pobres educadoras ambientais e chego à evidente conclusão que ensinar crianças sobre as medidas corretas e equitativas de como tratar a natureza e seus recursos é coisa de profissionais capacitados para tal. O que continua a me preocupar é: Naquele que é, a meu ver, o assunto mais importante de todos, quem está capacitando nossas professoras ou professores, se no Brasil ainda não existe formação profissional específica para este assunto?

 

Educação ambiental para as crianças de hoje – 2ª Parte

 

Leia também
Em Bonito, projeto ensina crianças a arte de observar pássaros
WWF lança projeto de educação ambiental em Pirenópolis
Escola da Amazônia: um laboratório de educação ambiental

 

 

 

Leia também

Colunas
3 de maio de 2024

Resiliência indígena – um exemplo a ser seguido

Indígenas são incansáveis em defender seus territórios, sua cultura e manter suas tradições, mas luta deve ser de todos

Notícias
3 de maio de 2024

Amazônia em chamas – número de queimadas de janeiro a abril é 132% maior que 2023

Em todo o Brasil, número de queimadas computado nos quatro primeiros meses do ano é o maior da série histórica do INPE, iniciada em 1998

Análises
3 de maio de 2024

Uma reflexão sobre o turismo em parques nacionais no Brasil

Em 2023 a visitação a parques nacionais foi recorde, os resultados mostram que há um enorme potencial de aumento e diversificação na visitação

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.