Colunas

Diamante negro

O Amazonas, embora um dos estados com maior cobertura florestal preservada, não escapa à devastação. Por isso o experimento da Fundação Amazônia Sustentável merece atenção.

19 de julho de 2008 · 16 anos atrás
  • Sérgio Abranches

    Mestre em Sociologia pela UnB e PhD em Ciência Política pela Universidade de Cornell

No Brasil, pensar a longo prazo é coisa rara. Há décadas vivemos da mão para a boca em matéria de políticas públicas, sempre dominadas pela conjuntura, sempre prisioneiras do curto prazo. O horizonte das políticas se encurtou ainda mais com a hiperinflação. Até hoje, continuamos pensando o presente, quando não fazemos políticas olhando pelo retrovisor. O economista João Batista Tezza, diretor técnico e científico da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma das exceções a essa regra. “Na minha visão, esse projeto amadurece em 15 ou 20 anos”, me disse ele, numa pequena praia nas margens do rio Negro, entre Manaus e as Anavilhanas, sob o sol de quase meio-dia. Não era delírio gerado pelo calor. O projeto da Fundação Amazônia Sustentável não é simples, nem pode ser realizado de um dia para outro: conceituar, integrar e valorizar cadeias produtivas de serviços ambientais, no conjunto de unidades de conservação do estado do Amazonas, para obter o desmatamento zero e, na ponta final, créditos de carbono que possam ser comercializados no mercado voluntário.

O investimento na formação dessas cadeias de serviços ambientais tem um nome que soa a populismo: “bolsa floresta”. Na verdade, são várias bolsas: o “bolsa floresta familiar”, o “bolsa floresta associação”, o “bolsa floresta renda” e o “bolsa floresta social”. O familiar, corresponde à “recompensa” paga às mães de famílias moradoras em unidades de conservação pelo compromisso de conservar a floresta. O “bolsa associação” quer fortalecer as associações de moradores e “formar capital social”. O “bolsa renda” se destina a apoiar a produção sustentável e o “bolsa social”, é destinado a financiar ações de educação, saúde, comunicação e transportes.

P.S. Míriam Leitão fez imagens de vídeo dessa passagem pelas Anavilhanas e pelo Jaú. Veja uma prévia do vídeo, com imagens e narração de Míriam Leitão e editado por mim, aqui e a versão final no blog que ela mantém, no Globo On line.

Leia também

Reportagens
26 de abril de 2024

Número de portos no Tapajós dobrou em 10 anos sob suspeitas de irregularidades no licenciamento

Estudo realizado pela organização Terra de Direitos revela que, dos 27 portos em operação no Tapajós, apenas cinco possuem a documentação completa do processo de licenciamento ambiental.

Notícias
26 de abril de 2024

Protocolo estabelece compromissos para criação de gado no Cerrado

Iniciativa já conta com adesão dos três maiores frigoríficos no Brasil, além de gigantes do varejo como Grupo Pão de Açúcar, Carrefour Brasil e McDonalds

Notícias
26 de abril de 2024

Com quase 50 dias de atraso, Comissão de Meio Ambiente da Câmara volta a funcionar

Colegiado será presidido pelo deputado Rafael Prudente (MDB-DF), escolhido após longa indefinição do MDB; Comissão de Desenvolvimento Urbano também elege presidente

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.