Salada Verde

Negociador brasileiro diz que líderes não mudarão texto

“Esse é o documento, o texto está negociado e concluído”, declarou Luiz Alberto Figueiredo, secretário executivo do Brasil na Rio+20

Daniele Bragança ·
21 de junho de 2012 · 12 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Líderes globais posam para foto oficial da Rio+20. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR.

Começou hoje o segmento de alto nível da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, com a presença dos chefes de Estados e Governo de 193 países. Até sexta-feira, os líderes mundiais discutirão o texto-base acordado ontem. A expectativa que rondava o Riocentro nesta quarta-feira (20) era de alguma ação que pudesse dar mais substância ao texto sobre desenvolvimento sustentável, mas o que se verificou é que provavelmente eles só vieram para tirar a foto oficial. O texto está pronto e não será reaberto.

“Esse é o documento, o texto está negociado e concluído”, afirmou contundente o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, principal estrategista das negociações brasileiras, ao explicar que os líderes políticos não discutirão o acordo feito pelos diplomatas. Faltou justificar o que eles vieram fazer aqui, então.

O Brasil se vangloria de ter restaurado o espírito do multilateralismo. Críticas à condução do processo? Não houve, afirmou o embaixador. A pergunta sobre países que criticaram o Brasil pedindo mais ousadia no documento, ele respondeu com a crítica: faltou financiamento das metas de desenvolvimento sustentável. A resposta foi endereçada à Europa. “Não pode exigir ambição de ação, quem não tem ambição de financiamento, quem exige ação de ambição sem colocar dinheiro na mesa está sendo, no mínimo, incoerente”, disse o embaixador.

A ministra Izabella Teixeira, que participava da coletiva, concordou com a cabeça e afirmou que no final da Rio-92 as manchetes dos jornais também eram todas pessimistas. Chegou a ler algumas, afirmando que é natural os jornais refletirem negativamente as decisões tomadas, que só podem ser mensuradas no futuro. “É uma conferência de partida, é uma conferência que define novos caminhos para agir em médio e longo prazo, com critério do que seja economia verde. É um conjunto de decisões, um texto cheio de detalhes e as pessoas ainda não tiveram tempo de se dedicar a ler com cuidado”, afirmou a ministra.

As decisões amarradas nas negociações ficarão para 2015, quando os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável tomarão o lugar dos Objetivos do Milênio, e servirão de metas para a construção de um futuro sustentável. Isso se até lá o acordo não for por água abaixo em nome do multilateralismo.

 

  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também

Notícias
3 de maio de 2024

Eletrobras contraria plano energético e retoma projetos para erguer megausinas no Tapajós

Há oito anos, as usinas do Tapajós estão fora do Plano Decenal de Energia, devido à sua inviabilidade ambiental. Efeitos danosos são inquestionáveis, diz especialista

Reportagens
3 de maio de 2024

Obra para desafogar trânsito em Belém na COP30 vai rasgar parque municipal

Com 44 hectares, o Parque Ecológico Gunnar Vingren será cortado ao meio para obras de mobilidade. Poderes estadual e municipal não entram em acordo sobre projeto

Salada Verde
3 de maio de 2024

Governo do RJ recebe documento com recomendações para enfrentamento ao lixo no mar

Redigido pela Rede Oceano Limpo, o documento foi entregue durante cerimônia no RJ. O plano contém diretrizes para prevenir, monitorar e conter o despejo de lixo nos oceanos.

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.