Reportagens

Emissões proporcionais ao consumo

Responsabilidade dos países ricos nas emissões mundiais devido às importações para manutenção de seus padrões de consumo muda geografia dos gases estufa, diz estudo.

Redação ((o))eco ·
9 de março de 2010 · 14 anos atrás

O cálculo sobre as emissões de gases de efeito estufa de um país depende de fatores que podem tornar o resultado mais ou menos conveniente. Se for contabilizada a responsabilidade dos países importadores de produtos que, para serem feitos, demandaram altas emissões de CO2, a geografia do aquecimento global sofre algumas alterações. Atualmente, os inventários informados à Organização das Nações Unidas consideram apenas as emissões produzidas em cada país.

Sendo tudo uma questão relativa de interpretação, o Instituto Carnegie de Ciencias, nos Estados Unidos, divulgou um relatório mostrando que 23% das emissões globais de gás carbônico (6.2 gigatoneladas, em 2004), foram resultado da fabricação de produtos comercializados internacionalmente. A maior parte proveniente da China e de países emergentes para alimentar os mercados ricos. Os europeus, por exemplo, importam quase duas vezes mais carbono per capta do que os americanos. De acordo com o estudo, o europeu é responsável em média por acrescentar mais de 4 toneladas de CO2 na atmosfera no processo de manufatura de bens importados de outros países.

Segundo um dos autores, o pesquisador Ken Caldeira, se a intenção é entender a ‘pegada’ das emissões, é preciso levar em conta que outros estão emitindo por causa do consumo dos países ricos, em bens e serviços, subsidiando seu estilo de vida.

O estudo leva em consideração emissões até 2004. Mas está prevista a divulgação de uma nova pesquisa, desta vez desenvolvida pelo Centro Internacional de Clima e Pesquisa Ambiental de Oslo, na Noruega, que analisa as emissões de consumo até 2008, mostrando ainda como a geografia das emissões mundiais tem mudado desde 1990. Um dos resultados dessa análise mais recente aponta que os americanos voltam a liderar as emissões globais porque embora a China tenha superado os Estados Unidos na liberação de gases dentro de seu território, em 2006, considerando as importações americanas e os padrões de consumo, eles continuam poluindo muito mais. Levando em conta as importações e as exportações americanas de dois anos atrás, as emissões do país aumentaram cerca de 10% comparadas às suas emissões territoriais. Enquanto isso, as emissões chinesas diminuiram cerca de 20% no mesmo período, conforme a pesquisa. A notícia foi publicada na New Scientist.

No mês passado, esta mesma publicação científica já havia noticiado que o governo britânico estava relutente em reconhecer um estudo que mostrava que suas emissões haviam aumentado 13,5% entre 1992 e 2004 (por causa das importações de bens de consumo), quando os dados oficiais diziam que no período tinha acontecido uma redução de gases de 4.6%.

Leia também

Notícias
3 de maio de 2024

Eletrobras contraria plano energético e retoma projetos para erguer megausinas no Tapajós

Há oito anos, as usinas do Tapajós estão fora do Plano Decenal de Energia, devido à sua inviabilidade ambiental. Efeitos danosos são inquestionáveis, diz especialista

Reportagens
3 de maio de 2024

Obra para desafogar trânsito em Belém na COP30 vai rasgar parque municipal

Com 44 hectares, o Parque Ecológico Gunnar Vingren será cortado ao meio para obras de mobilidade. Poderes estadual e municipal não entram em acordo sobre projeto

Salada Verde
3 de maio de 2024

Governo do RJ recebe documento com recomendações para enfrentamento ao lixo no mar

Redigido pela Rede Oceano Limpo, o documento foi entregue durante cerimônia no RJ. O plano contém diretrizes para prevenir, monitorar e conter o despejo de lixo nos oceanos.

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.