Reportagens

Um mundo em links

A Internet oferece enorme variedade de sites sobre meio ambiente, mas quantidade não é qualidade. Boas dicas poupam o tempo de quem quer pesquisar o tema.

Juliana Tinoco ·
23 de setembro de 2005 · 19 anos atrás

Não é fácil escrever sobre assuntos ambientais. Por mais corriqueiros que possam parecer, eles costumam exigir conhecimentos específicos – e o pior, das mais variadas áreas de conhecimento – que geram horas de pesquisas. A Internet pode ajudar um bocado nessa missão. Ou atrapalhar. É preciso saber consultar os sites e ferramentas de busca mais confiáveis para cada ocasião. E não se perder nos labirintos da rede.

Além do bom e velho Google, alguns sites servem como curingas da informação ambiental. A começar pelas fontes oficiais. O site do Ibama concentra dados importantes sobre as principais unidades de conservação do país. Mas quem nunca esteve no site pode ter dificuldade em encontrá-las. Na página principal, é preciso passar o mouse nas setas laterais de uma barra horizontal, para ver as diversas opções. Se as setas demorarem a rodar, não desista, é assim mesmo. Quando finalmente as opções aparecem, a última é “Unidades de Conservação”. Lá dentro sim, estão as informações oficiais sobre plano de manejo, limites, fotos, mapas e ano de criação dos Parques Nacionais e outras áreas protegidas. A área de Licenciamento Ambiental também é estratégica: ela informa sobre o andamento dos Estudos e Relatórios de Impacto Ambiental (Eia-Rimas) de grandes obras do país, com destaque para as hidrelétricas.

O site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) oferece um mundo de informações geográficas e sociais. Na seção Geociências, descobre-se facilmente a área territorial oficial de um estado ou município e pode-se ver mapas diversos, disponíveis para download. Na mesma seção, há um Vocabulário Básico de termos ambientais, um grande dicionário que pode socorrer àqueles que não têm intimidade com a área.

Se você não faz idéia de onde ficam os municípios de Algodão de Jandaíra ou Urucurituba, o IBGE Cidades não apenas localiza todos os municípios brasileiros no mapa estadual (com a hidrografia destacada), como traz informações detalhadas sobre eles, em mais de vinte tópicos, do número de óbitos hospitalares até a produção agrícola.

A Amazônia é tema recorrente em pautas ambientais. O Imazon, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, produz artigos, publicações e séries de estudos sobre a ocupação humana e a exploração econômica da maior floresta tropical do planeta. Também analisa, no link Mapas, os índices de desmatamento dos 50 municípios que mais destruíram sua vegetação em 2004.

O Cerrado também tem sites à altura de sua importância ecológica. O Cerrado Brasil, da Embrapa, é um portal com artigos sobre biodiversidade, vegetação, fauna e ecoturismo, entre outros temas. O SOS Cerrado prima pelas fotos de Carlos Terrana.
Sobre Mata Atlântica, há vários. Desde o Tom da Mata, que homenageia Jobim com capricho e traz informações diversas sobre o ecossistema, até o supercompleto SOS Mata Atlântica.

Outra lista a que volta e meia precisamos recorrer é a de animais ameaçados de extinção. Ela está na página do Ministério do Meio Ambiente, no link Biodiversidade e Florestas. As informações podem ser acessadas de acordo com o nome popular ou científico do animal, por família ou bioma. Também estão divididos de acordo com o grau de ameaça, variando do Criticamente em Perigo até o Vulnerável.

Já a lista vermelha internacional pode ser obtida no site da ong Redlist. Está tudo em inglês, mas as informações vêm completas, com nome científico da espécie, características de seu habitat, ameaças que sofreu, razões da vulnerabilidade e até fotos dos animais.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) satisfaz todas as curiosidades de quem quer pesquisar queimadas e desmatamentos. Sem falar em outras diversas informações climáticas relevantes. Seu Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) tem um link chamado “Produtos Especiais”. Lá, é possível visualizar e obter dados estatísticos sobre o número de focos de calor nos estados do Brasil e em outros países, incluindo séries históricas. A barra de opções à esquerda dá acesso ao Banco de Dados de Queimadas, que permite pesquisar os focos de calor em estados ou municípios no período desejado. Também é possível saber dos incêndios que ocorrem dentro de Unidades de Conservação. O site oferece ainda um alerta diário dos estados mais atingidos por queimadas e os riscos de fogo observados, de acordo com as ocorrências de chuva, temperatura e umidade relativa do ar.

Sobre clima e previsão do tempo, o CPTEC produz, com o Instituto Nacional de Metereologia (INMET), um boletim trimestral completo e um resumo dos principais fenômenos clímaticos nos últimos meses. A linguagem, apesar de técnica, é de fácil compreensão.

Por último, na seção Coordenação-Geral de Observação da Terra, estão os dados do desmatamento na Amazônia Legal. O mais indicado é seguir para a sessão Prodes, onde é possível acessar os números por município. Já o sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) permite a visualização dos focos de desmatamento em cada estado. Ao clicar sobre o foco, representado por um quadradinho roxo, recebe-se informações sobre sua localização. Para ter acesso, basta cadastrar um endereço de e-mail.

Já que estamos nas alturas, não se pode deixar de mencionar o software Google Earth, a grande moda da Internet. Fácil de acessar e de instalar no computador, o programa nos leva a qualquer ponto da Terra. Nesses tempos de furacões, vale a pena conferir as imagens impressionantes da cidade de Nova Orleans pós-Katrina. O atraso nas atualizações das imagens de satélite pode chegar a três anos, mas no caso de Nova Orleans o Google Earth criou um link especial atualizado, “Hurricane Katrina Imagery”.

Do geral para o específico, uma dica para pesquisadores antenados nas descobertas recentes da ciência: o site internacional Zootaxa é um dos mais respeitados da área, e publica diariamente as novas animais descobertas em todo o mundo.

E para abrir literalmente um mundo de opções de sites ambientais aos seus pés, ou melhor, ao alcance dos dedos, o Biólogo é uma ótima escala inicial. Basta escolher a “Área” (Zoologia, Microbiologia, Botânica, Ecologia, Meio Ambiente e muitas outras) — ou ainda “Instituições”, “Temas” ou “Especiais” — para sair em busca de links interessantes.

  • Juliana Tinoco

    Juliana Tinoco é jornalista multimídia especializada na cobertura de Meio Ambiente, Ciência e Direitos Humanos. Por quinze an...

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