De José Truda Palazzo Jr.
Jardineiro, escritor e ambientalista
Nada tenho contra o saudoso Chico Mendes, cidadão ilustre e sindicalista histórico com preocupações ambientais, que merece o destaque que tem na luta pela defesa da Amazônia.
Mas daí a aceitar que se ponha num órgão público federal o nome próprio de um ex-aliado político da Senadora Marina Silva, apenas pra fazer proselitismo, é absolutamente inaceitável.
A luta ambiental brasileira, e a GESTÃO ambiental brasileira, são maiores do que as vicissitudes amazônicas. É bem verdade que a gestão de Marina Silva no MMA abandonou ao deus-dará os demais biomais nacionais, privilegiando o paroquialismo amazônico (e a base eleitoral, evidente) da mesma, mas não há porque tolerar a entronização dessa política parcial e míope no nome do órgão federal de conservação da biodiversidade.
Os gaúchos teriam pleno direito de exigir que o novo Instituto se chamasse José Lutzemberger, que além da liderança nacional ajudou o próprio Chico Mendes a se inserir no panorama internacional. Os cariocas ou capixabas, de dar ao Instituto o nome de ambientalisras de lá que foram martirizados pelos criminosos depredadores da Natureza em anos recentes. Os mineiros, de chamar o novo órgão de Instituto Manuelzão, que era tão ou mais emblemático que o Chico mas não tinha políticos do PT a lhe fazer o marketing.
Como ambientalista e cidadão, repudio a apropriação partidária e regionalista de um órgão federal com a importância do que está sendo criado. Acho que precisamos escrever aos parlamentares e mobilizar as lideranças pra que a Medida Provisória baixada por Lulla e turma seja alterada, e o Instituto BRASILEIRO de Conservação da Biodiversidade seja efetivamente isso, brasileiro e de todos, não apenas um monumento paroquial à devastação da Amazônia que o governo dos amigos de Chico Mendes não se importam em conter.
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