A única pessoa no Brasil autorizada a não se espantar, e muito, com a orquídea Laelia purpurata Maria Tereza é a ambientalista Maria Tereza Pádua, cujo nome acaba de ser conferido à nova espécie. Ela, sim, pode achar isso natural. Já tem em seu currículo muitos atestados de suas relações quase maternais com a natureza brasileira.
Foi dela que o entomologista José Cândido de Melo Carvalho, por exemplo, tirou há muitos anos o nome do Ananteria mariatereza, o escorpião que batizou no Parque Nacional do Araguaia. E, antes que alguém estranhe a homenagem, ser tratada pelo grande cientista como madrinha do escorpião é uma inequívoca homenagem.
Há também uma cachoeira que por sua causa se chama Maria Tereza, na fazenda Topázio, uma áreado cerrado em Cristalina que ela ajudou a transformar em Reserva Particular do Patrimônio Natural. E uma aléia de plantas tropicais homônima no Jardim Botânico de Cincinatti, no estado americano do Ohio.
Para ela, portanto, esses tributos a seu inestimável trabalho como funcionária pública que criou oito milhões de hectares de áreas protegidas o país e deixou na burocracia do Ministério do Meio Ambiente um modelo inigualável de rigor científico, técnico e orçamentário na implantação de parques nacionais, uma orquídea a mais, por mais bela que seja, é o mínimo que se pode esperar de reconhecimento por serviços prestados.
Mas a Laelia purpurata Maria Tereza nasceu num ambiente singular de celebridades que extravazam as manchetes internacionais da floricultura ou mesmo da Botânica. Ela integra uma nova trinca de cariedades híbridas que incluem a Flammea ‘Carla Bruni’ e a Laelia purpurata Michelle Obama, apresentadas ao mundo numa exposição de orquídeas em Santa Barbara, nos Estados Unidos, pela engenheira florestal e chefe do Orquidário Nacional do Ibama Lou Menezes.
E isso, no Brasil, nunca quis dizer tanto. Maria Tereza está sendo coroada com a Laelia purpurata entre rainhas em exercício da política mundial, num momento em que não exerce qualquer cargo público. E isso num país que mais que do que nunca está fazendo de tudo para fingir que nada deve ao passado. Só mesmo duas mulheres como Maria Tereza Pádua e Lou Menezes para ensinar essa lição aos homens públicos brasileiros.
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