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Vídeo: Macacos são vilões ou vítimas da febre amarela? por Ricardo Lourenço

A febre amarela silvestre pode vitimar entre 30% a 40% dos humanos que apresentam sintomas da doença. Nos macacos, a mortalidade pode chegar a 90% dos infectados

Daniele Bragança · Márcio Lázaro ·
8 de dezembro de 2019 · 4 anos atrás
Eles não são culpados. Foto: Carla Possamai/Projeto Muriqui de Caratinga.

Entre 1º de julho de 2017 a 17 de abril de 2018, foram confirmados 1.157 casos de febre amarela no país, com 342 mortes, segundo o Ministério da Saúde. Para cada 10 pessoas com a doença, 3 morreram. A melhor maneira de fugir do risco é a vacinação, que ocorre em locais de maior incidência ou quando o surto de febre amarela silvestre se espalha para além das áreas já mapeadas. Foi o que ocorreu no último grande surto, iniciado no final de 2016 e que necessitou de campanha de vacinação até nas capitais.

Causado por um vírus, a Febre Amarela é transmitida por mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes a primatas não humanos e ocasionalmente ao ser humano, quando este adentra ou vive nos arredores de regiões de mata. Diferentemente da febre amarela urbana ‒ transmitida somente entre humanos via o mosquito Aedes aegypti e erradicada na década de 1940 por meio de vacinação, obras de saneamento urbano e do controle do vetor ‒, a silvestre tem perfil sazonal, com o maior número de casos em humanos entre os meses de dezembro e maio, quando o maior volume de chuvas e as altas temperaturas aumentam o número de mosquitos.

Os macacos que vivem no continente americano não se desenvolveram para se proteger da doença. Em bugios, por exemplo, a mortalidade de animais infectados chega a impressionantes 90%. A cada 10 animais infectados, apenas um sobrevive.

A mortandade de macacos em área de floresta é um indicativo importante de que o vírus pode estar naquela região, e é por isso que eles são vistos como sentinelas da febre amarela. “O encontro de macacos mortos em uma dada área, em um dado momento, é um sinal de alerta importante de que uma coisa está acontecendo diferente, e que essa coisa diferente pode ser a febre amarela, que pode atingir os humanos daqui um tempo”, explica o veterinário e entomologista Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

A importância dos macacos para a prevenção da febre amarela em humanos é o tema do 57º vídeo da série Pense Verde. Assista:

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

  • Márcio Lázaro

    Jornalista, repórter cinematográfico, editor de vídeo e imagens, mestre em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (UFRJ).

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