Estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Michigan, Estados Unidos, que contou com a participação do brasileiro Britaldo Silveiras Soares-Filho, da Universidade Federal de Minas Gerais, reforçou as evidências de que áreas protegidas reduzem o desmatamento da floresta amazônica brasileira.
O principal autor é o doutorando Christoph Nolte. As duas conclusões mais importantes, embora previsíveis, são: unidades de conservação de proteção integral são mais efetivas do que as de uso sustentável. Além disso, em áreas com grande pressão de desmatamento, terras indígenas ajudam a diminuir a derrubada da floresta.
O trabalho saiu domingo, 10 de março, na edição on-line da Proceedings of the National Academy of Sciences, revista científica dos EUA. Os pesquisadores analisaram dados remotos de 292 áreas protegidas, divididas nas categorias Uso Restrito (como Estações Ecológicas, Reservas Biológicas e Parques Estaduais e Nacionais), Uso Sustentável (Reservas Extrativistas, Reservas de Desenvolvimento Sustentável) e Terras Indígenas.
Para Britaldo Soares-Filho, o resultado corrobora trabalhos anteriores, que demonstraram a importância das áreas protegidas. Há quase três anos, ele mesmo mostrou que, entre 2004 e 2006, a expansão de áreas protegidas na Amazônia reduziu em 37% o desmatamento na região. Publicado em maio de 2010, esse estudo indicava também que unidades de conservação e terras indígenas, se implementadas por completo, poderiam evitar a emissão de 8 bilhões de toneladas de Carbono até 2050.
“Talvez a maior surpresa é a descoberta de que Terras Indígenas funcionam melhor quando servem para reduzir o desmatamento em contextos de alta pressão pelo desmatamento”, afirma Arun Agrawal, um dos autores do novo estudo. “Muitos observadores têm sugerido que garantir autonomia substancial e direito à terra para povos indígenas vai levar a altos níveis de desmatamento, porque os grupos indígenas vão querer aproveitar todos os recursos à sua disposição. Este estudo mostra que – baseado nas evidências atuais – estes temores são equivocados”, afirma.
Os autores concluem que a criação de Unidades de Conservação de proteção integral em áreas próximas de cidades ou de grande valor para a agricultura pode gerar críticas, mas é importante para reduzir o desmatamento.
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