Minas e Bahia foram os Estados que mais desmataram a Mata Atlântica durante o período de maio de 2010 a maio de 2011. A informação vem do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, com dados novos divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Fundação SOS Mata Atlântica. Em um ano, a floresta perdeu 13,3 mil hectares de mata. Se forem considerados os últimos 25 anos o número chega a 1,7 milhões de hectares, o equivalente a 3 vezes a área territorial do Distrito Federal.
O número continua preocupando quando se lembra que o bioma Mata Atlântica é o que mais sofreu desmatamento desde que o Brasil é Brasil. Só sobraram 7,9% de mata original, excluindo fragmentos de menos de 100 hectares. A boa notícia é que o desmatamento continua caindo. Os dados do Atlas mostram uma redução rápida do total ano a ano. Por exemplo, na primeira edição do Atlas, para o período de 1985 a 1990, a média de desmatamento anual foi de 93,3 mil hectares, ou 7 vezes mais do que nesta última medição.
As 6 cidades campeãs no Ranking do desmatamento ficam nesses estados de Minas Gerais e Bahia, os dois estados em que ocorreu a maior parte do desmatamento com 6.339 (MG) hectares e 4.493 (BA). Os números podem ser maiores porque durante o período analisado havia muita nuvens, o que prejudica a captação de imagens por satélites.
“Embora tenha tido uma leve queda, provavelmente o índice apresentado hoje seria maior se não tivéssemos problemas com nuvens. O (ritmo de) desmatamento continua estável, o que é preocupante”, disse Marcia Hirota, coordenadora do Atlas pelo SOS Mata Atlântica, em referência aos dois Estados que encabeçam o ranking dos que mais desmataram no período: Minas Gerais e Bahia.
O Atlas avaliou 93% do bioma Mata Atlântica. Nos estados do Nordeste que estão dentro do limite do bioma – Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte – a análise foi impossibilitada devido a ocorrência de nuvens.
Ranking por municípios
Minas Gerais e Bahia lideram o ranking, com as seis cidades que mais desmataram no período 2010-2011. Águas Vermelhas (MG), Canavieiras (BA) e Jequitinhonha (MG) foram as campeãs, com 1.367 hectares, 1.337 hectares e 1.270 hectares devastados. Em quarto lugar ficou a cidade baiana de Belmonte, com 902 hectares. Na quinta posição, outro município mineiro: Ponto dos Volantes, com 539 hectares. Cândido Sales, na Bahia, ficou em sexto lugar, com 363 hectares.
*Com informações da Assessoria de Imprensa do INPE
Desflorestamentos – período 2010-2011 (em ha)
UF | Área UF | Área Original do Bioma | % UF | Remanescentes Florestais | Decremento (período 2010-2011) | ||
2010 | 2011 | ||||||
1º | MG | 58.697.565 | 27.235.854 | 46% | 3.087.045 | 6.339 | |
2º | BA* | 56.557.948 | 18.875.099 | 33% | 2.408.648 | 4.493 | |
3º | MS | 36.193.583 | 6.366.586 | 18% | 969.684 | 588 | |
4º | SC | 9.591.012 | 9.591.012 | 100% | 2.322.891 | 568 | |
5º | ES | 4.614.841 | 4.614.841 | 100% | 512.590 | 364 | |
6º | SP | 24.873.203 | 16.918.918 | 68% | 2.642.468 | 216 | |
7º | RS | 28.403.078 | 13.759.380 | 48% | 1.132.084 | 111 | |
8º | PR | 20.044.406 | 19.667.485 | 98% | 2.429.652 | 71 | |
9º | RJ | 4.394.507 | 4.394.507 | 100% | 861.086 | 92 | |
10º | GO | 34.127.082 | 1.051.422 | 3% | 33.614 | 33 | |
* Estado parcialmente avaliado |
Mata é seca, mas é Atlântica
Desmatamento à mineira
Cai desmatamento na Mata Atlântica
Leia também
Insistência em hidrovia no Rio Tocantins coloca em risco biodiversidade local
Empreendimento será teste para um país que busca se apresentar como sustentável perante o mundo. Logística não compensa custo socioambiental, dizem pesquisadores →
“Exijo respeito ao povo do garimpo”: membros de comissão yanomami defenderam garimpeiros
14 de 15 membros da comissão externa da Câmara para acompanhar “investigação e apuração” da crise yanomami” fazem parte da bancada ruralista; veja histórico de discursos →
O que as enchentes no RS e o desmatamento na Amazônia têm em comum?
O desmantelamento das políticas ambientais tem sido acompanhado por uma retórica que desvaloriza a conservação e coloca o desenvolvimento econômico imediato acima da preservação a longo prazo →