Quatorze espécies novas foram descritas e outras ainda podem surgir. Os pesquisadores acreditavam estar diante de uma coleção de 200 exemplares de esponjas calcárias, mas quando começaram a trabalhar viram que o número era bem maior. No final, chegaram a 382 exemplares analisados e cerca de 25% da coleção ainda não havia sido estudada.
Eles deixaram de lado, por enquanto, coletas feitas no litoral do Rio de Janeiro, que já é bem mais conhecido pelos pesquisadores do que espécimes de outros estados. São exemplares da subclasse Calcaronea, mais numerosa entre as esponjas calcárias.
A bióloga Fernanda Azevedo, responsável pela pesquisa, conta que a expectativa era descobrir pouco mais de uma dezena de novas espécies durante o estudo. O número ultrapassou as expectativas.
Coletas que haviam sido feitas em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, trouxeram nove espécies novas. Na Ilha do Arvoredo, em Santa Catarina, foram seis novas esponjas calcárias, duas delas que vivem também em águas paulistas. Uma espécie que antes era desconhecida é compartilhada por São Paulo e Rio de Janeiro.
O trabalho ajuda a mostrar um pouco de uma diversidade pouco conhecida. Fernanda explica que as amostragens de esponjas no litoral brasileiro são bastante restritas. “As amostras não são suficientes no gradiente geográfico nem de profundidade”, afirma. “Elas contêm coletas de águas rasas, de até 20 ou 30 metros de profundidade e são muito fragmentadas ao longo do litoral”, completa. A intenção do trabalho é produzir um mapa de distribuição das espécies de esponjas calcárias, que pode ajudar a definir áreas prioritárias para a conservação.
O estudo, que teve financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, encontrou também duas espécies não nativas do Brasil. Os pesquisadores aguardam a publicação de dois artigos científicos para descrever as novas espécies e outro sobre as áreas de endemismo. A equipe já enviou também uma carta ao ICMBio, para ajudar no plano de manejo da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo.
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