Reportagens

46 dias – Ajuste o seu ânimo à burocracia da ONU

Nestes últimos dias não foram poucas as pessoas que indicaram que a conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em Copenhague vai ser bem menos ambiciosa do que gostariam as organizações ambientais. O secretário-executivo da Convenção do Clima, Yvo de Boer, jogou um enorme balde de água fria em entrevista ao New York Times alegando que não haverá tempo suficiente para criar todo um novo acordo que abrigue as metas de redução dos gases de efeito estufa. Significaria isso que os diplomatas resolveram deixar o planeta assar no forno das mudanças climáticas? Não exatamente. As delegações de todos os países de alguma forma já colocaram na mesa as metas que podem assumir. O Brasil (quem diria) vai aparecer com as suas em breve. Obviamente o tamanho das metas continua sendo a questão central das negociações. Mas para chegar até lá é que está o problema. Antes de que se entre na discussão dos números, o que está mesmo colocando uma nuvem preta sobre Copenhague, é a estrutura política que vai reger as novas metas. Os países desenvolvidos , liderados pela União Européia, resolveram defender todo um novo acordo, ou seja, tudo que existia dentro do Protocolo de Kyoto deixaria de existir depois de 2012, ou na melhor das hipóteses, algumas das decisões seriam transferidas para este novo acordo. “Para ser mais coerente, acho que  faz sentido ter apenas um acordo que junte todas as maiores economicas do planeta”, defende o analista do Pew Center on Global Climate Change, Elliot Diringer. Isso no entanto não é o que pensam as nações emergentes, que sempre defenderam a negociação de Copenhague em dois trilhos. Ou seja uma conversa sempre dentro do Protocolo de Kyoto, e outra fora, na Convenção da ONU, onde no caso se estabeleceriam novos mecanismos, como a compensação por desmatamento evitado. Pergunto a Diringer, se isso não vai acabar travando o acordo de Copenhague. Ele diz que a questão é que talvez essa nova estrutura política seja o próprio resultado de Copenhague. O detalhamento das metas só virá mesmo depois. Mas isso não é muito pouco para COPENHAGUE? “Eu nunca esperei muito mesmo”, diz o analista. Leia carta com propostas do Pew Center for Climate Change para a COP 15

Gustavo Faleiros ·
21 de outubro de 2009 · 15 anos atrás
  • Gustavo Faleiros

    Editor da Rainforest Investigations Network (RIN). Co-fundador do InfoAmazonia e entusiasta do geojornalismo. Baterista dos Eventos Extremos

Leia também

Reportagens
28 de maio de 2024

Dinastia Amazônia

Demanda da China sobre o agronegócio brasileiro impacta na preservação da floresta, mas também pode moldar seu futuro

Reportagens
28 de maio de 2024

Ilegalidade atingiu 93% do desmatamento registrado em 2023, diz MapBiomas

País perdeu mais de 18 mil km² de vegetação nativa no ano passado. Cerrado desbanca Amazônia pela primeira vez no ranking de maior desmatador

Notícias
27 de maio de 2024

O mundo pode perder metade dos seus manguezais até 2050

Com ameaças como aumento do nível do mar, desmatamento e mudanças climáticas, levantamento inédito da IUCN alerta para o risco de extinção de 50% dos manguezais do mundo

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.