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Onde menos se espera, Suçuarana

A onça-parda (Puma concolor) está presente em todos os biomas brasileiros. E pela foto, também nos ambientes mais inusitados. Crédito: PMA/MS

Redação ((o))eco ·
11 de outubro de 2013 · 10 anos atrás

Em qualquer lugar, até em caixas. Hoje um adulto, este pequeno filhote de onça parda foi recolhido pela Policia Militar Ambientais de Naviraí (MS) em julho/12. Ele foi abandonado pela mãe em um canavial, devido ao barulho e tumulto provocados pelas máquinas. Foto: Divulgação/ PMA-MS
Em qualquer lugar, até em caixas. Hoje um adulto, este pequeno filhote de onça parda foi recolhido pela Policia Militar Ambientais de Naviraí (MS) em julho/12. Ele foi abandonado pela mãe em um canavial, devido ao barulho e tumulto provocados pelas máquinas. Foto: Divulgação/ PMA-MS

A onça-parda (Puma concolor) é um felino nativo das Américas. Graças à sua adaptabilidade, é encontrada em qualquer região e tipo de habitat do continente. Tem a maior distribuição natural entre os mamíferos ocidentais, estendendo-se do oeste do Canadá e Alaska ao extremo sul das Américas. A espécie ocorre em todos os estados do Brasil, principalmente, no Sul e Sudeste, mas com abundância reduzida, tendo em vista a progressiva destruição de ambientes naturais.

Suçuarana, como também é conhecida a onça-parda (outros nomes são: puma, onça-parda, onça-vermelha, jaguaruna , leão-baio, leão-da-montanha) é um felino grande e de hábitos solitários. Gatos fortes e ágeis, os adultos têm cerca de 60 a 76 centímetros de altura, medem de 1,5 a 2,75m de comprimento do nariz à cauda. Normalmente, os machos pesam entre 53 e 100 quilos, com peso médio de 62 kg. As fêmeas geralmente pesam entre 29 e 64 kg, com peso médio de 42 kg. É o segundo felino mais pesado do Novo Mundo, seguindo a onça-pintada. Mas, apesar de seu tamanho, não é normalmente classificada entre os “grandes gatos”, pois não pode rugir como os leões e tigres. Faltam-lhe a laringe e osso hióide especializado, o que torna sua vocalização muito mais próxima do miado emitido por pequenos felídeos como, por exemplo, os gatos domésticos.

A coloração dos pelos é simples (daí o concolor do nome científico) variando do marrom-acinzentado mais claro ao marrom-avermelhado mais escuro, com a ponta da cauda preta, podendo também apresentar uma linha escura na extremidade dorsal no animal adulto. Em geral a pelagem é ruiva. Os filhotes (como na foto) nascem com manchas pretas, olhos azuis e anéis em suas caudas, adquirindo, quando adultos, a coloração uniforme típica da espécie.

A cabeça do gato é redonda e as orelhas eretas. Os seus quartos dianteiros, pescoço e mandíbula poderosos servem para agarrar e segurar presas grandes. As patas traseiras permitem-lhe dar grandes saltos, escalar e a capacidade de atingir grandes velocidades em curta duração: a suçuarana pode correr tão rápido quanto um automóvel, atingindo de 55 a 72 quilômetros por hora.

A suçuarana é territorial e sobrevive em regiões pouco populosas. Recluso, normalmente evita pessoas e concorrentes animais. O tamanho de seus territórios individuais depende do terreno, vegetação — prefere vegetação rasteira densa e áreas rochosas adequadas às emboscadas — e abundância de presas. Hábil predador, sua dieta inclui, principalmente, ungulados em geral, como cervos, carneiro-selvagem, gado doméstico, cavalos e ovelhas. Mas no cardápio variado ainda cabem caçar aves, roedores e lagartos. A freqüência com que matam para comer varia de um veado a cada 3 dias para as fêmeas com filhotes, e de um veado a cada 16 dias para indivíduos adultos solitários.

Na América do Sul, os nascimentos acontecem entre fevereiro e junho. O tempo de gestação é de 90 a 96 dias, ao fim dos quais nascem de um a seis filhotes. Os filhotes pesam de 200 a 400 g e apresentam pelagem pintada, que desaparece em torno dos seis meses. A maturidade sexual se dá entre dois e três anos. Para os animais silvestres, a expectativa de vida é fica entre 9 a 13 anos; no cativeiro, até 20 anos.

De acordo com o livro “Taxonomia de Wilson e Reeder” (Mammal Species of the World, no original), atualmente são reconhecidas seis subespécies, cinco das quais somente são encontradas na América Latina: Suçuarana-argentina (Puma concolor cabrerae); Suçuarana-costa-riquenha (Puma concolor costaricensis); Suçuarana-sul-americana oriental (Puma concolor anthonyi); Suçuarana-norte-americana (Puma concolor couguar); Suçuarana-sul-americana do norte (Puma concolor concolor) e Suçuarana-sul-americana do sul (Puma concolor puma).

No Brasil, as onças-pardas das antes consideradas subespécies Puma concolor capricornensis e Puma concolor greeni são consideradas Vulneráveis pela lista do ICMBio. Já para a IUCN, a espécie como um todo, é considerada como Pouco Preocupante devido à sua ampla distribuição geográfica, não obstante a queda populacional.

Apesar disso, no Brasil, a classificação do ICMBio se sustenta porque a Puma concolor encontra-se na região com maior influência antrópica (humana) do país. A ocupação da terra pela agropecuária restringiu a ocorrência dos animais aos fragmentos de vegetação original. O que configura a maior ameaça à conservação da espécie, que enfrenta a destruição de hábitat, mesmo sendo capaz de se adaptar à degradação ambiental. A caça, tanto de suas presas naturais quanto da própria espécie, também é uma grande ameaça às populações remanescentes.

 

 

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