Notícias

Começa desocupação das terras dos índios Awá, no Maranhão

Exército inicia operação para retirada de não índios, em cumprimento à decisão judicial. Invasores têm 40 dias para saírem do local.

Redação ((o))eco ·
7 de janeiro de 2014 · 12 anos atrás
Operação Hiléia Pátria, do Ibama, desativou 27 serrarias clandestinas na região em setembro de 2013. Foto: Badaró Ferrari/Ibama.
Operação Hiléia Pátria, do Ibama, desativou 27 serrarias clandestinas na região em setembro de 2013. Foto: Badaró Ferrari/Ibama.

O Exército já está no território indígena Awá-Guajá, no Maranhão, dando início a operação de retirada de não índios da área. A primeira parte da operação consiste em notificar os moradores, que terão 40 dias a partir daí para sair voluntariamente da reserva. Em dezembro, a Justiça Federal determinou a desocupação da área, que já foi homologada como Terra Indígena há 9 anos.

Atualmente, vivem ilegalmente na reserva cerca de 1.200 não índios. Nenhum deles tem a posse da terra e por isso não terão direito a indenização. Durante o prazo de 40 dias, eles poderão levar os pertences, os animais que criam e desmontar suas casas. Após o prazo, moradores que se recusarem a sair serão removidos à força.

De acordo com a Funai, os invasores enquadrados na categoria de pequenos produtores serão realocados para assentamentos, conforme o plano de reforma agrária do INCRA.

A Reserva Awá-Guajá tem 116 mil hectares e está localizada no noroeste do Maranhão e preserva um dos últimos remanescentes da Floresta Amazônica do estado. É terra dos Awá-Guajá. Fica localizada entre os municípios de Centro Novo do Maranhão, Governador Newton Bello, São João do Caru e Zé Doca.

Parte do povo Awá-Guajá vive isolada. São 400 índios presentes em quatro terras indígenas – TI Caru, TI Awá e TI Alto Turiaçu e TI Araribóia. Falam guará – tronco linguístico do tupi – e lutam contra a destruição de sua terra, que já perdeu 30% de seu território pela ação de madeireiros.

Em 1992, o Governo Federal conferir a posse permanente do território aos Awá-Guajá. O decreto oficial que homologou a área veio em 2005. Mesmo assim, ela continuou alvo de invasões de madeireiros e grileiros.

As terras indígenas Caru e Alto Turiaçú estão conectadas com a área da Reserva Biológica de Gurupi, criada em 1988 e administrada pelo Instituto Chico Mendes. A Reserva também sofre com o desmatamento.

Na imprensa

Em novembro passado, ((o))eco publicou reportagem de Karina Kiotto sobre a situação vulnerável da Reserva.  

A frágil situação do pouco que resta de Floresta Amazônia no Maranhão e dos povos tradicionais que lá vivem entrou na pauta do país após reportagem da jornalista Míriam Leitão e do fotógrafo Sebastião Salgado, que estiveram na região, em agosto do ano passado.

Em ((o))eco, a repórter Karina Miotto já havia relatado a vulnerabilidade e a perda de floresta amazônica na região.
 

Saiba Mais
Íntegra da decisão da Justiça

Leia Também
Maranhão: o ataque a Rebio Gurupi e às terras dos Awá Guajá
Amazônia maranhense requer atenção para continuar existindo
O Maranhão “tem palmeiras” e aves inusitadas

 

 

 

Leia também

Salada Verde
12 de dezembro de 2025

Gilmar Mendes pede urgência na votação do Marco Temporal

Na reta final do ano, ministro solicitou que o julgamento ocorra em formato virtual entre os dias 15 a 18 de dezembro, pouco antes do recesso do STF

Notícias
12 de dezembro de 2025

“Papagaio cientista”: monitoramento da ave revela nova população de ipês raros

Trabalho que seguia grupo de papagaio-chauá se deparou com as árvores criticamente ameaçada de extinção em área afetada pelo rompimento da barragem de Mariana

Salada Verde
12 de dezembro de 2025

Pesquisadores do Jardim Botânico descobrem nova espécie de bromélia

Espécie é endêmica da Mata Atlântica e foi coletada na Bahia; atividades humanas na região onde foi avistada ameaçam sua sobrevivência

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.