Organizações da sociedade civil encaminharam hoje uma carta aberta ao governo brasileiro em repúdio à decisão de incentivar a entrada de usinas térmicas a carvão na matriz energética do país. O leilão de energia A-5, que prevê a contratação antecipada de energia elétrica que só começará a ser produzida em 2018, será realizado amanhã (29). Embora sejam 36 os projetos, a maior parte da energia ofertada vem de 3 projetos de térmicas a carvão mineral.
Os 3 projetos (um no Rio de Janeiro e dois no Rio Grande do Sul) funcionarão ininterruptamente, conforme informa o comunicado enviado à imprensa.
“Os governantes brasileiros, além de não sustentar uma visão de longo prazo de nossa matriz energética previsto em seus próprios planos divulgados seja pelo setor elétrico, seja pela política nacional de mudanças climáticas, vêm criando facilidades para reduzir a capacidade de concorrência do setor, ao beneficiar as empresas de carvão com isenções de impostos a nível federal e estadual e criando facilidades de financiamento junto ao BNDES”, afirma o comunicado.
Os ambientalistas também criaram uma campanha na internet, pelo site Avaaz, para recolher assinaturas contra o leilão. A campanha foi batizada de “24 horas para salvar o Brasil”.
A carta foi endereçada à Presidente da República, com cópia aos Ministros da Casa Civil, de Minas e Energia, e Meio Ambiente; ao Diretor-geral da ANEEL e ao presidente da EPE. Assinam o documento 7 organizações ambientalistas: Fundação Avina, Fundação Esquel Brasil, Greenpeace Brasil, Mater Natura Instituto de Estudos Ambientais, Toxisphera Associação de Saúde Ambiental do Paraná, The Nature Conservancy, WWF-Brasil e Apromac (Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte).
Leia a carta abaixo:
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