Cortando o rio Tapajós por duas horas de barco a motor, partindo de Alter do Chão e entrando pelo rio Arapiuns, alcança-se Urucureá, uma vila de ribeirinhos. Um pouco distante da sede, em uma pequena praia idílica, vive o Sr. José Juvenal Souza Tapajós, 55, com sua mulher Neusanira Silva Cardoso e os dois filhos, Nesias e José Adailton. A casa da família é construída de madeira e palha. Contrasta com a placa de energia solar instalada bem em frente à porta de entrada.
Nossa conversa roda em torno do artesanato produzido por Dona Neusanira e outras mulheres da comunidade. A cestaria feita com palha de tucumã (Astrocaryum aculeatum), uma palmeira nativa da Amazônia, é uma das fontes de renda desta família. Segundo D. Neusanira, no verão, época de maior movimento de turistas, a demanda aumenta e é possível vender dentro da própria comunidade. Nas outras épocas do ano, a melhor alternativa é comercializar com lojas de artesanato da região.
Enquanto remenda sua rede de pesca, José sorri e diz: “os homens não são tão prendados quanto as mulheres pra fazer artesanato”. Por outro lado, ele é o principal guia da região e muitas agências de Alter do Chão o contratam para levar grupos a várias trilhas da região. Nascido em Urucureá, ninguém é melhor do que ele para guiar aventureiros que querem conhecer as belezas cênicas da região.
José e a família nunca se imaginaram morando na cidade ou fora de Urucureá. Entretanto, apesar do acesso só por barco, estão conectados com as atividades turismo de Alter do Chão. Perguntado sobre o que pensa do projeto de hidrelétricas do Tapajós, respondeu: “contanto que não suje a água do rio, pra mim está bom. Porque se sujar vai ser um problema para nós”.
Outros posts deste blog
Alter do Chão: locais temem impactos indiretos
Laurimar Leal e as cerâmicas tapajônicas do museu João Fonas
Chegada em Santarém e o espírito desse blog
Leia Também
Urucureá: escola ribeirinha sustentável
Expedição Tapajós revela fauna ameaçada por hidrelétrica
Leia também
Número de portos no Tapajós dobrou em 10 anos sob suspeitas de irregularidades no licenciamento
Estudo realizado pela organização Terra de Direitos revela que, dos 27 portos em operação no Tapajós, apenas cinco possuem a documentação completa do processo de licenciamento ambiental. →
Protocolo estabelece compromissos para criação de gado no Cerrado
Iniciativa já conta com adesão dos três maiores frigoríficos no Brasil, além de gigantes do varejo como Grupo Pão de Açúcar, Carrefour Brasil e McDonalds →
Com quase 50 dias de atraso, Comissão de Meio Ambiente da Câmara volta a funcionar
Colegiado será presidido pelo deputado Rafael Prudente (MDB-DF), escolhido após longa indefinição do MDB; Comissão de Desenvolvimento Urbano também elege presidente →