Notícias

Ibama estuda proibir agrotóxicos nocivos às abelhas

Processo com estudo e restrições a 4 componentes de agrotóxicos suspeitos de contribuírem para a morte ou deformação desses polinizadores

Daniele Bragança ·
20 de julho de 2012 · 12 anos atrás
Abelha nas flores de manjericão. Foto: Rogerio Camboim S A/Flickr.

O Ibama deu um passo inicial para uma política de proteção às abelhas comunicando que reavaliará 4 agrotóxicos associados a efeitos nocivos aos polinizadores: : Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil. A redução na quantidade das abelhas preocupa governos, cientistas e produtores rurais, pois tem efeito direto na produção dos alimentos: as abelhas são responsáveis por pelo menos 73% da polinização das plantas, de acordo com estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), publicado em 2004.

A decisão do Ibama se baseou em pesquisas científicas e em decisões adotadas por outros países. Na França, o pesticida Fipronil está proibido desde 2004. Por toda a Europa há movimentos para a proibição ou restrição do uso de Imidacloprido.

O comunicado dessa quinta-feira (19/07), no Diário Oficial, segue as diretrizes de políticas públicas do Ministério do Meio Ambiente (MMA) voltadas para a proteção de polinizadores. O problema é mundial. Os cientistas chamam o fenômeno de desaparecimento das abelhas de Desordem de Colapso da Colônia (em inglês, de Colony Collapse Disorder – CCD), quando as abelhas não conseguem voltar para as colmeias e simplesmente desaparecem no caminho. O fenômeno é catastrófico não apenas para a produção de alimentos, mas para a biodiversidade como um todo.

O primeiro a passar pelo processo de reavaliação pelo Ibama será o inseticida Imidacloprido, que representa 60% da quantidade total comercializada das 4 substâncias sob exame. Segundo informações divulgadas pelo Ibama, só no ano de 2010, 1.934 toneladas de Imidacloprido foram comercializadas.

Como medida preventiva, os 4 agrotóxicos – Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil –, não podem mais ser aplicados por aviões em qualquer tipo de cultura. A aplicação aérea desses inseticidas é associada a morte de abelhas em diferentes regiões do  país.

Foi estabelecido um prazo de 90 dias para as empresas produtoras de agrotóxicos incluírem nas bulas das embalagens a mensagem-padrão: “Este produto é tóxico para abelhas. A aplicação aérea NÃO É PERMITIDA. Não aplique esta produto em época de floração, nem  imediatamente antes do florescimento ou quando for observada visitação  de abelhas na cultura. O descumprimento dessas determinações constitui  crime ambiental, sujeito a penalidades.”

Ao final da avaliação, medidas mais severas poderão ser aplicadas, caso os estudos indiquem sua necessidade para conter o desaparecimento das abelhas.

*Com informações da Ascom Ibama.

  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também

Salada Verde
17 de maio de 2024

Avistar celebra os 50 anos da observação de aves no Brasil

17º Encontro Brasileiro de Observação de aves acontece este final de semana na capital paulista com rica programação para todos os públicos

Reportagens
17 de maio de 2024

Tragédia sulista é também ecológica

A enxurrada tragou imóveis, equipamentos e estradas em áreas protegidas e ampliou risco de animais e plantas serem extintos

Notícias
17 de maio de 2024

Bugios seguem morrendo devido à falta de medidas de proteção da CEEE Equatorial

Local onde animais vivem sofre com as enchentes, mas isso não afeta os primatas, que vivem nos topos das árvores. Alagamento adiará implementação de medidas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.