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Casca-grossa, mas simpática

A homenageada da semana em ((o)) eco, a tartaruga-cabeçuda, maior de todas as tartaruga de carapaça dura do mundo, posa para a foto.

Redação ((o))eco ·
17 de maio de 2013 · 11 anos atrás

 A simpática Josephine, fotografada em Nova Gales do Sul, Austrália. Foto: Richard Ling
A simpática Josephine, fotografada em Nova Gales do Sul, Austrália. Foto: Richard Ling

A tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) é uma espécie pertencente à família Cheloniidae (que inclui todas as tartarugas marinhas, exceto as tartarugas-de-couro) comum a praticamente todos os oceanos do planeta: Atlântico, Pacífico, Índico e também o Mar Mediterrâneo. Seu apelido se deve à distinção morfológica em relação aos seus parentes da cabeça proporcionalmente grande em relação a seu comprimento total .

Por ser tão comum ao redor do globo, não surpreende que a tartaruga-cabeçuda também seja chamada de tartaruga-comum, um nome que acaba sendo tristemente irônico se pensarmos que hoje a espécie está ameaçada de extinção. Outros apelidos da Caretta caretta são tartaruga-amarela, tartaruga-meio-pente, tartaruga-mestiça, careba-dura, carebadura, careba-amarela ou tartaruga azeiteira.

Em média têm de 70 a 95 centímetros de comprimento quando adultos, embora indivíduos maiores, de 270 centímetros, já tenham sido descobertos. Seu peso varia entre 100 e 180kg, mas novamente há registro de tartaruga que atingiu 227 kg. A cabeça e a carapaça (casco superior) variam de um amarelo-laranja a um marrom-avermelhado, enquanto o plastrão (parte inferior) é tipicamente amarelo pálido. O dimorfismo sexual se apresenta na fase adulta: os machos possuem caudas e garras mais longas do que fêmeas, carapaças maiores e menos abauladas e cabeças mais largas.

Onívora, a C. caretta se alimenta de crustáceos, moluscos, peixes e cnidários. A espécie passa a maior parte de suas vidas em mar aberto e em águas costeiras rasas. As fêmeas vêm à terra para pôr ovos a cada dois ou três anos, realizam em média três desovas entre os meses de setembro e março, em um intervalo de 13 a 14 dias. No Brasil, as áreas prioritárias de desova estão localizadas no norte da Bahia, Espírito Santo, norte do Rio de Janeiro e Sergipe.

São postos cerca de 120 ovos em média com período de incubação é de 50 a 60 dias. Os filhotes eclodem à noite rumando para o mar. O sexo será determinado pela temperatura de incubação dos ovos: a proporção dos sexos é de 1:1 à temperaturas médias; temperaturas mais altas geram mais fêmeas, temperaturas mais baixas geram mais machos. A tartaruga-cabeçuda atinge a maturidade sexual em 17 e 33 anos e tem uma vida de 47 a 67 anos.

As tartarugas-cabeçudas têm uma variedade de inimigos naturais que supera, e muito, à das suas versões dos desenhos animados. Seus ovos e filhotes – estes, principalmente durante a migração do ninho para o mar -, sofrem predação de minhocas, besouros, larvas de insetos e parasitas, caranguejos, cobras, gaivotas, corvídeos, gambás, ursos, ratos, tatus, mustelídeos, canídeos, gatos, porcos e humanos. No oceano, quando jovens, são alvo de peixes, como o papagaio e as moréias. Até na fase adulta, em que seu grande tamanho é fator de intimidação, ainda podem ser vítimas do apetite de grandes tubarões, focas e baleias assassinas.

Além de predadores naturais, também ameaçam as cabeçudas a intervenção humana e a poluição. A caça predatória pela carne e ovos – equivocadamente considerados afrodisíacos -, embora proibida internacionalmente, não é aplicada com rigor em todos os países. Também a pesca comercial de larga escala em alto mar, que constantemente são arrastados em redes ou presos em armadilhas. Outro problema são as toneladas de plástico despejados no mar anualmente que, confundidos com águas-marinhas são ingeridos causando problemas de saúde que vão de úlceras à sufocações.

A urbanização traz outros tantos problemas: a iluminação artificial das praias desencoraja nidificação e interfere com a capacidade dos filhotes para navegar até a beira da água. A invasão do habitat por seres humanos força-as a colocar ninhos mais próximos da arrebentação. O assoreamento de praias de areia, a construção de cais e marinas e o tráfego de barcos reduzem sensivelmente seus habitats.

Diante de tamanhas ameaças, fica claro porque a IUCN classifica a espécie como Ameaçada (Endangered) e o ICMBio, como Vulnerável. Esforços de conservação são empreendidos em vários países. No Brasil, o mais proeminente é o Projeto TAMAR, criado em 1980, hoje vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conrsevação da Biodiversidade (ICMBio).

 

 

 

 

 

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