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Expedição revela biodiversidade desconhecida do Suriname

Três semanas foram suficientes para encontrar mais de 1300 espécies de plantas e animais. Entre elas, 60 potencialmente novas para a ciência.

Vandré Fonseca ·
8 de outubro de 2013 · 11 anos atrás

As extensas e intactas florestas do Sudeste do Suriname são muitas vezes cobertas por nuvens e são uma das áreas mais úmidas do país. As cabeceiras de rios encontradas aqui são uma importante fonte de água para mais de 50 mil pessoas. Estas florestas não são cortadas por estradas nem sofreram desmatamento. Crédito: Trond Larsen | Clique para ampliar.
As extensas e intactas florestas do Sudeste do Suriname são muitas vezes cobertas por nuvens e são uma das áreas mais úmidas do país. As cabeceiras de rios encontradas aqui são uma importante fonte de água para mais de 50 mil pessoas. Estas florestas não são cortadas por estradas nem sofreram desmatamento. Crédito: Trond Larsen | Clique para ampliar.

Manaus, AM — A perereca cor de chocolate foi bicho que mais recebeu destaque entre as dezenas espécies potencialmente novas encontradas durante uma expedição da Conservação Internacional às remotas florestas do sudeste do Suriname, antiga colônia holandesa na América do Sul. Além de uma biodiversidade que só agora começa a ser revelada, a região tem um importante papel ambiental. Por lá, estão as nascentes de rios vitais para o transporte, pesca e abastecimento de água para aproximadamente 50 mil pessoas.

A perereca descoberta lá pertence ao gênero Hypsiboas, que já conta com dezenas de espécies conhecidas. “Como outros anfíbios, sua pela semipermeável a torna altamente sensível a mudanças no ambiente, especialmente na água doce”, afirma o ecologista Trond Larsen , diretor do Programa de Avaliação Rápida da organização não-governamental. “Com mais de 100 espécies de anfíbios provavelmente extintas apenas nas últimas três décadas, a descoberta dessa nova espécie é especialmente encorajador”, completa.

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Entre mais de 1300 espécies identificadas na região, os pesquisadores acreditam ter encontrado 60 que ainda não foram descritas pela ciência. Entre elas, estão outros 5 anfíbios, 11 peixes, uma serpente e muitos insetos. O besouro-liliputiano (Canthidium cf. minimum) recebe esse nome devido ao pequeno tamanho, apenas 2,3 milímetros. Com cor vermelho-rubi, os pesquisadores acreditam que possa ser o menor besouro de esterco do Escudo das Guianas e o segundo menor da América do Sul. A lista é extensa, mas há destaque também para um peixe olho de fogo (Hemigrammus aff. ocellifer), parente de espécies ornamentais.

O grupo de 16 pesquisadores passou três semana nessa região montanhosa, sem registro da presença humana e incrivelmente preservada. Eles encontraram muitas fontes de água doce e constataram que, enquanto outras partes do país tendem a se tornar mais secas, a região estudada deve resistir melhor às mudanças climáticas. A expedição foi realizada em 2012, mas só agora, após a análise dos dados, divulgou os resultados.

Com uma população relativamente pequena, o Suriname mantém 95% da cobertura florestal, mas sofre a pressão de projetos de mineração, construção de estradas e barragens. “As densas florestas do Suriname, com baixo índice de desmatamento e rios espetaculares, nos colocam em uma posição verdadeiramente única para nos tornarmos um modelo global de desenvolvimento sustentável”, afirma o diretor-executivo da CI no país, John Goedschalk.” Em um planeta que está a caminho de ultrapassar em meados deste século nove bilhões de habitantes, vamos precisar de cada gota de água doce que pudermos obter”, afirma.

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Vídeos da expedição

 

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