Reportagens

Levantamento de pontos de ocorrência do Zogue-Zogue

Expedição segue pela BR 174, perpassa fazendas e áreas protegidas numa estrada mal conservada e avista aves e animais pelo caminho.

Adriano Gambarini ·
12 de novembro de 2013 · 10 anos atrás

Seguimos cedo pela BR 174 (ou o que resta dela) em direção ao interflúvio do Rio Roosevelt com Aripuanã, entrando no estado do Mato Grosso. Uma estrada de terra mal ajambrada corta uma área limítrofe de duas extensas áreas indígenas – Terras Indígenas Enawenê-nawê e Parque Indígena Aripuanã. E nas áreas não conservadas, fazendas restringem nossos passos além das bordas da estrada. Em regiões como esta não é muito “saudável” se aventurar em pequenas estradas além das principais, sem um contato prévio e autorizações. Assim, Júlio com toda sua experiência em reconhecer áreas de floresta com alta probabilidade de ocorrência de primatas, escolhe alguns trechos de mata alta para tocar um playback da vocalização de um outra espécie de Zogue-Zogue. Obviamente tudo isto tem um propósito, já que é comum alguns macacos amazônicos saltitarem nas árvores em borda de estradas, principalmente se forem frutíferas. E se algum grupo do Rabo-de-Fogo estiver por perto, talvez responda ao “nosso chamado”. Seguimos nesta toada durante todo o dia, intercalada com entrevistas de pessoas que encontramos pelo caminho. Num destes encontros fomos informados sobre a existência de grupos de Zogue-Zogue muito próximo do local onde estávamos. Para esta expedição, o WWF-Brasil em parceria com a MapsMut produziram folders explicativos descrevendo a importância desta nova espécie de macaco, assim como detalhes do trabalho e roteiro que iremos percorrer com a expedição. Assim, as fotos e desenhos do animal contribuem tanto para esta indicação por moradores locais, como para educação ambiental.

Cruzamos a nascente do Rio Aripuanã, que alguns anos atrás trabalhamos em outra expedição organizada pelo WWF-Brasil para levantamento e diagnóstico de biodiversidade.

Observamos algumas aves – jacu, arara-canindé, gaviões diversos; e muitos rastros no solo arenoso – anta, cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), cotia, paca, raposa-do-campo (Pseudalopex vetulus). Uma diversidade de sinais indiretos da fauna local, que para um trabalho como este tem tanta importância como a visualização do animal em si.

O melhor momento do dia foi o encontro de um grupo de micos-de-cheiro – para surpresa da equipe, já que Júlio escutou o grupo forrageando numa árvore na beira da estrada. Isto não seria surpresa não fosse o fato que estávamos a uns 50 km/hora, janelas abertas, barulho de vento e conversas paralelas dentro do carro. Definitivamente, são estas e outras que definem quem é quem no mundo da biologia de campo!

Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil

Novidade para quem gosta de saber mais da dinâmica de uma expedição em busca do desconhecido: em todos os posts, compartilharemos as seguintes informações:

Deslocamento percorrido (no dia): 282 km
Tempo em movimento: 6:30h
Tempo parado: 3:46h
Velocidade média: 43,4 km/h

Você pode acompanhar a nossa localização através do mapa do trajeto da expedição:

*Atualizado em 03/11/2022: adaptação de fotos e artes as atualizações do wordpress

  • Adriano Gambarini

    É geólogo de formação, com especialização em Espeleologia. É fotografo profissional desde 92 e autor de 14 livros fotográfico...

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