Reportagens

Destruição construtiva

Em Florianópolis (SC), o poder público decidiu fazer valer a lei: dá três horas para invasores deixarem áreas de preservação. Depois disso é na marreta.

Carla Lins ·
31 de março de 2005 · 19 anos atrás

A falta de controle dos órgãos municipais ligados ao meio ambiente sempre permitiu que construções clandestinas ocupassem áreas de preservação permanente em Florianópolis, capital de Santa Catarina. Mas agora acabou a moleza. A Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) iniciou um programa inédito: dá um prazo de três horas para os invasores saírem, depois ataca com marreta para demolir. Desde janeiro já foram derrubadas 20 construções irregulares.

“Estamos fazendo rondas diárias pela cidade, a fim de encontrar obras nessas áreas. Quando a infração é notada e o invasor não dá bola, operários da Prefeitura vão até o local da construção com uma ordem judicial para a demolição”, afirma o superintendente da Floram, Francisco Rzatki.

E as vítimas não são apenas os barracos pobres. Há duas semanas, uma residência de alto padrão foi identificada na beira da praia da Armação, sul da Ilha de Santa Catarina, em cima de terras da Marinha. A comitiva notificou o proprietário, que se recusou a demolir sua residência – e a casa caiu. De todo o território de Florianópolis, mais de 42% está inserido em áreas protegidas pela legislação ambiental. Porém, há mais de cem construções erguidas nestas áreas. Algumas foram invadidas somente para a utilização do terreno como continuação da casa. Em outros casos, residências foram consolidadas sem nenhum cuidado com o meio ambiente.

Para o superintendente da Floram, o processo é somente o início das ações para se criar uma consciência ecológica nos moradores da capital. Por bem ou por mal. “Para esse programa ter êxito é importante dar uma alternativa para as residências consolidadas, afinal as pessoas não podem ficar sem casa. A Secretaria da Habitação está a postos para auxiliar as famílias de baixa renda a acharem um local mais apropriado para morar”, explica Rzatki.

O programa de recuperação das Áreas de Preservação Permanente de Florianópolis deve continuar até a metade do ano e em seguida haverá uma constante fiscalização para que as famílias retiradas não reincidam na prática criminosa.

* Carla Lins tem 21 anos e é recém-formada jornalista em Florianópolis.

Leia também

Notícias
28 de março de 2024

Estados inseridos no bioma Cerrado estudam unificação de dados sobre desmatamento

Ação é uma das previstas na força-tarefa criada pelo Governo Federal para conter destruição crescente do bioma

Salada Verde
28 de março de 2024

Uma bolada para a conservação no Paraná

Os estimados R$ 1,5 bilhão poderiam ser aplicados em unidades de conservação da natureza ou corredores ecológicos

Salada Verde
28 de março de 2024

Parque no RJ novamente puxa recorde de turismo em UCs federais

Essas áreas protegidas receberam no ano passado 23,7 milhões de visitantes, sendo metade disso nos parques nacionais

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.