Notícias

Trilha Transcarioca sofre com a violência rotineira da metrópole

Assaltos no trecho Paineiras x Parque Lage assustam visitantes e mobilizam Movimento da Trilha Transcarioca em prol de melhorias na segurança

Duda Menegassi ·
29 de março de 2017 · 7 anos atrás
Pegada da Transcarioca que marca a chegada no Parque Lage. Foto: Duda Menegassi.
Pegada da Transcarioca que marca a chegada no Parque Lage. Foto: Duda Menegassi.

A Trilha Transcarioca possui aproximadamente 180 quilômetros de extensão que costuram um caminho por entre muitos dos morros da cidade do Rio de Janeiro. E, justamente um dos mais famosos, está em estado de alerta. O trecho Paineiras x Parque Lage, que passa aos pés do Cristo Redentor e desce pela encosta do Corcovado até chegar ao parque, registrou desde janeiro pelo menos 9 ocorrências de assalto, com cerca de 76 pessoas vitimadas.

A estimativa é do Coordenador de Segurança da Trilha Transcarioca, Eduardo Frederico de Oliveira, que lembra ainda que muitas pessoas não registram Boletim de Ocorrência, logo, é impossível garantir a precisão do número. Eduardo explicou ainda o trecho, por estar dentro do Parque Nacional da Tijuca (PNT), é de responsabilidade federal. Segundo ele, há patrulhamento da Guarda Municipal e da Polícia Militar no Parque Lage e na parte alta, no entorno do Cristo Redentor e do Centro de Visitantes Paineiras, por se tratarem de áreas com fluxo turístico. Porém, não existe uma polícia encarregada de monitorar as trilhas. “Quando possível, em especial nos finais de semana, o Comando de Polícia Ambiental da Polícia Militar [CPAm] envia guarnições ao Parque Nacional da Tijuca para executar o policiamento nas trilhas”, esclarece Eduardo.

Para buscar soluções, o Movimento Transcarioca criou um grupo de trabalho para discutir a segurança na trilha. Um dos principais articuladores da Trilha Transcarioca e responsável pela comunicação do grupo, Pedro da Cunha e Menezes esclarece que “o problema de violência nas trilhas do Rio não é um problema exclusivo da Trilha Transcarioca e, infelizmente, tampouco algo incomum no cenário nacional”. Segundo ele, para tentar sanar a situação na Transcarioca, o grupo têm se articulado com a Polícia Militar e com a Guarda Municipal, que já apoiam a segurança em alguns trechos, para montar um plano de fiscalização integrado para toda a trilha.

Enquanto isso, foram feitos alertas na página da Transcarioca no Facebook e no site da trilha que desaconselham os montanhistas e visitantes a fazerem este trecho.

aviso-trecho-transcarioca

Em comunicado oficial, a coordenação do Parque Nacional da Tijuca informou que conta com o apoio da Polícia Militar, em especial através do Comando de Polícia Ambiental (CPAm) e do Batalhão de Polícia Turística (BPTur), assim como da Guarda Municipal, que mantém equipes no parque todos os finais de semana. A nota frisou, entretanto que “o parque não está isolado do contexto da metrópole, sofrendo também o impacto do aumento da violência”. Ainda segundo o comunicado, a administração do parque está trabalhando junto com a Secretaria de Segurança para criar estratégias que melhorem as condições de segurança.

Por medida de prevenção, a atividade regular de voluntariado que acontecia no Parque Lage toda quarta-feira foi suspensa. De acordo com o coordenador de voluntariado do parque, Felipe Martins, a atividade foi remanejada para a área do Horto, próxima ao Jardim Botânico.

 

 

Leia Também

O Rio também tem sua polícia verde

A Transcarioca de ponta a ponta

O primeiro caminho oficial da Transcarioca

 

 

 

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

Leia também

Reportagens
10 de dezembro de 2012

O primeiro caminho oficial da Transcarioca

Circuito de trilhas com 150 quilômetros que irá cruzar a cidade do Rio de Janeiro, a Transcarioca sai do papel e entra oficialmente na mata.

Reportagens
21 de dezembro de 2012

A Transcarioca de ponta a ponta

Da zona oeste à zona sul, o caminho de trilhas que fará os excursionistas e aventureiros conhecerem o Rio de Janeiro da cabeça aos pés.

Colunas
17 de novembro de 2014

O Rio também tem sua polícia verde

A extinção do antigo Batalhão Florestal não significou o desmantelamento do policiamento ostensivo na área ambiental, muito pelo contrário.

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Comentários 4

  1. Flávio Zen diz:

    É um problema insolúvel e históricamente não é um problema da Transcarioca que apenas articulou trilhas em um grande roteiro mas de segurança nas trilhas da região agravada nos últimos 5 anos com o reaquecimento do lazer em trilhas.

    Uma saída seria a utlização de aplicativos de plataformas colaborativas para mapear e monitorar as manchas criminais para melhor ordenar os esforços de gestão. Embora o impacto no marketing de UCs, produtos e serviços sejam certos, a segurança seria mais efetiva por diminuir a demanda em pontos criticos.

    No fundo, a grande questão que se estabelece é que elementos devem ser considerados no projeto de trilhas em UCs urbanas, sobretudo de grandes dimensões, já que apenas projetar o percurso e facilitar acesso não é suficiente para garantir o manejo quando as demandas não são antecipadas e consequentemente não existem previsão de custos e recursos humanos e materiais.

    Complicado mesmo.


    1. Olá Flávio,
      É sempre bom ouvir críticas construtivas.
      Mais uma vez reforço nosso convite para que venha participar conosco e ajudar a melhorar o projeto da Trilha Transcarioca.
      Você é sempre bem vindo.
      Abração, Ivan Terralimpa


      1. Flávio Zen diz:

        Valeu Ivan, vou ver no site e havendo oportunidade certamente irei. [ ]s


  2. Pedro diz:

    Foge dessa trilha, Bino! É uma cilada!