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O velho e o mar: tubarão-da-groenlândia chega a 400 anos

Pesquisadores dinamarqueses usaram datação por carbono para estimar crescimento da espécie, que vive nas águas geladas do Hemisfério Norte.

Vandré Fonseca ·
15 de agosto de 2016 · 8 anos atrás

Manaus, AM — Um dos maiores e menos conhecidos peixes do mundo, o tubarão-da-groenlândia, acaba de receber o título de vertebrado com maior longevidade. Esses grandes predadores que nadam nas frias águas do Hemisfério Norte vivem em média 272 anos, e são capazes de chegar à casa dos 400, de acordo com um estudo realizado por biólogos marinhos dinamarqueses. O artigo é destaque na edição da revista Science de 12 de agosto.

Os cientistas já sabiam que esses tubarões cresciam muito devagar, mas ainda não haviam conseguido calcular a idade deles. Técnicas já conhecidas, como o uso de ossos do ouvido de peixes ou a calcificação de tecidos, não funcionavam nesta espécie. O mistério começou a ser revelado a partir da análise do isótopos de carbono presentes no cristalino dos olhos de tubarões encontrados mortos.

A partir do início dos anos 1960, conforme relata a revista Science, houve uma infiltração de material radioativo nos oceanos, resultado dos testes nucleares realizados em meados da década anterior. Com essa informação, os biólogos marinhos dinamarqueses conseguiram descobrir quais tubarões haviam nascido após aquele período. Com esses dados e o tamanho já conhecido de filhotes recém-nascidos, 42 centímetros, puderam traçar uma curva de crescimento para a espécie.

“Assim como acontece com outros vertebrados, os cristalinos consistem de um único tecido metabolicamente inativo”, explica o autor principal do artigo, Julius Nielsen, estudante de pós-graduação. “Uma vez que o centro do cristalino não se altera a partir do momento de nascimento, isso permite à composição química do tecido revelar a idade do tubarão”, completa.

Os maiores tubarões encontrados, com 4,93 metros e 5,02 metros de comprimento, tiveram a idade estimada em 335 e 392 anos, respectivamente. Registros anteriores indicam que as fêmeas da espécie atingem a maturidade sexual por volta dos 4 metros, o que corresponde a uma idade aproximada de 156 anos, segundo os autores do estudo.

A medalha de prata de longevidade entre os vertebrados também fica nos mares gelados do Norte, mas com um mamífero, a baleia-da-groenlândia (Balaena mysticetus), que tem 211 anos de expectativa de vida. Mas nenhum vertebrado supera a Arctica islandica, um molusco bivalve, capaz de viver mais de 500 anos protegido pelas suas conchas. E como ele também é encontrado nos mares do Norte do planeta, não é exagero concluir que o segredo pode estar na água gelada do Oceano Ártico.

Saiba Mais

Artigo: Eye lens radiocarbon reveals centuries of longevity in the Greenland shark (Somniosus microcephalus).

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