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Ministro quer expandir moratória da soja para o Cerrado

A proposta foi feita durante evento promovido pela Abiove é um pacto de desmatamento zero: a indústria se compromete a não comercializar nem financiar o cultivo de soja produzido em áreas que foram desmatadas.

Daniele Bragança ·
19 de outubro de 2016 · 8 anos atrás
Comemoração de 10 anos da moratória da soja. Foto: Divulgação/Abiove
Comemoração de 10 anos da moratória da soja. Foto: Divulgação/Abiove

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, propôs nesta quarta-feira (19) que a moratória da soja seja expandida para o Cerrado, onde o plantio da cultura é considerado um dos principais vetores do aumento do desmatamento na região. A proposta foi feita durante comemoração de 10 anos da moratória, evento promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove).

Trata-se de um pacto de desmatamento zero: a indústria se compromete a não comercializar nem financiar o cultivo de soja produzido em áreas que foram desmatadas após a assinatura da moratória. Essa não comercialização desestimulou a derrubada de florestas na Amazônia e é um dos fatores que contribuiu para a diminuição do desmatamento na região.

Como efeito adverso, o agronegócio acabou expandindo a atividade em outros biomas. O Cerrado foi o mais atingido. Em março do ano que vem, o Ministério do Meio Ambiente concluirá  o monitoramento do bioma e saberá o tamanho exato do estrago. Mas estimativas já apontam uma perda de mais de 45% da cobertura vegetal na região. “Hoje o desmatamento é muito maior no Cerrado que na Amazônia”, afirmou Sarney Filho.

O ministro destacou que os bons resultados obtidos no bioma amazônico devem ser replicados no Cerrado. “Podemos enxergar o quanto foi acertado esse percurso (na Amazônia) e planejar sua evolução”, disse.

Resultados

Durante a cerimônia foram apresentados os dados do mais recente levantamento da moratória, apresentado pelo diretor executivo da Agrosatélite, Bernardo Rudorff. Segundo ele, depois do acordo foi feito um monitoramento em áreas particulares de 87 municípios da Amazônia para analisar o avanço ou a redução do desmatamento. Esses municípios respondem, juntos, por 98% da produção de soja na Amazônia. “Desses, apenas 14 estão continuam desmatando para plantar”, destacou Bernardo.

 

*Com informações da Assessoria de Imprensa do MMA.

 

 

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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Comentários 3

  1. George diz:

    Será possível que o homem propõe- com enorme coragem política, porque a oposição dentro do próprio governo vai ser tremenda! – uma moratória na principal ameaça da savana mais biodiversa e ameaçada do planeta, e os únicos comentários até agora são queixas sobre outros biomas? Por isso que a gente nunca consegue nada neste país!

    É hora de nos unirmos para apoiar e exigir essa moratória! Moratória de soja no Cerrado já! Quem é a favor curta e compartilhe a ideia.


  2. Mariana diz:

    Pois é… Protege o cerrado e esquece os outros biomas? Que solução capenga… É óbvio que que se proibir no cerrado a pressão aumentará nos pampas, caatinga, mata atlântica e na própria Amazônia, quiçás ilegalmente, já que os órgãos de fiscalização estão cada dia mais sucateados.


  3. Rodrigo diz:

    E o PAMPA?
    ninguém fala nada deste bioma nacional que não tem lei especial e que está sendo tragado pela soja também, com cultivares novos plenamente adaptados a umidade e clima da região. Na proporção, este sim deve ser o bioma brasileiro mais ameaçado e desprotegido.