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“Efeito mineração” faz desmatamento na Mata Atlântica subir em Minas Gerais

Estado volta a liderar ranking de destruição do bioma, após desmatar 7.702 hectares de floresta, um aumento de 37% em relação ao ano passado.

Daniele Bragança ·
25 de maio de 2016 · 8 anos atrás
Foto: wikipédia.
Rompimento de barragem destruiu 169 hectares de Mata Atlântica na cidade mineira de Mariana. Foto: Wikipédia.

 

Minas Gerais é o estado que mais destruiu a Mata Atlântica no período de 2014 e 2015. É o que mostra a nova edição do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, estudo divulgado nesta quarta-feira (25) pela SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O documento aponta que a Mata Atlântica perdeu 18.433 hectares (ha) no ano passado, taxa 1% maior que a do período anterior, que registrou 18.267 ha. A destruição equivale a desmatar 4,6 vezes o tamanho do Parque Nacional da Tijuca.

Após dois anos de queda do desmatamento no estado, Minas Gerais voltou a liderar no ranking do país, com 7.702 ha de perda de Mata Atlântica, uma alta de 37% em relação ao período de 2013-2014. A mineração foi a principal responsável pelo aumento no estado: além do acidente em Mariana, que destruiu 169 hectares de Mata Atlântica, contribuiu o chamado “Triângulo do Desmatamento”, com destaque para a região de Jequitinhonha, no noroeste do estado. Nessa região, estão concentrados os municípios mineiros que mais desmatam a Mata Atlântica.

 

Os maiores desmatadores

A Bahia ficou em segundo lugar, com 3.997 hectares desmatados, 14% a menos do que o período anterior. O Piauí veio em seguida, mesmo reduzindo o desmatamento no estado em 48%, de 5.626, no ano anterior, para 2.926 hectares. É uma boa notícia, pois, no período entre 2013 e 2014, o Piauí liderou o ranking de desmatadores.

Minas, Bahia e Piauí têm em comum o fato que o desmatamento da Mata Atlântica é mais forte nas áreas que fazem limite com o Cerrado, bioma que sofre com o aumento da fronteira agrícola.

Os municípios que mais desmataram no período foram: Alvorada do Gurguéia (PI), responsável por desmatar 1.972 hectares; Baianópolis (BA) e Brejolândia (BA), que desmataram 824 ha e 498 ha respectivamente. Em quarto e em quinto lugares vêm os municípios mineiros de Curral de Dentro (492 ha) e  Jequitinhonha (370 ha), –  0 Triângulo do Desmatamento, que abriga ainda os municípios de Águas Vermelhas (338 ha), Ponto dos Volantes (208 ha) e Pedra Azul (73 ha).

O estudo destaca a má perfomance do Paraná, estado que apresentou o aumento mais brusco no período: de 921 ha de florestas nativas derrubadas entre 2013-2014 para 1.988 ha no último período, um aumento de 116%. Segundo o Atlas, o retorno do desmatamento nas florestas com araucária foi responsável por 89% (1.777 ha) do total destruído no estado.

A Mata Atlântica se distribui ao longo da costa do país,  e cobre áreas de 17 estados, onde vive mais de 72% da população brasileira. Nessa extensa área, restam apenas 8,5% de remanescentes florestais com áreas maiores que 100 hectares.

Em 30 anos, o bioma perdeu 1.887.596 hectares, o equivalente à área de 12,4 cidades de São Paulo.

 

 

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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