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Copa do Mundo das áreas protegidas: Argélia

Se no futebol as Raposas do Deserto não tem tradição, quando o assunto é biodiversidade e patrimônio naturas a Argélia é um gigante mundial.

Paulo André Vieira ·
22 de junho de 2014 · 10 anos atrás

A Copa de 2014 é a quarta participação das Raposas do Deserto na principal competição da FIFA, mas, se depender de seu retrospecto no torneio, as chances da Argélia avançar para as oitavas de final são muito pequenas. As únicas duas vitórias deste país africano vieram em 1982, uma delas sobre a poderosa Alemanha, e na Copa de 1986 marcou apenas um único gol, o último até que o jejum fosse quebrado após 28 anos, quando o meia Sofiane Feghouli marcou o gol solitário contra a Bélgica no primeiro jogo dos argelinos em solo brasileiro.

Já quando o assunto é biodiversidade e patrimônio naturas, a Argélia é um dos gigantes mundiais. Com uma área total de 238.174.100 de hectares, é o décimo maior país do mundo e o maior da África, com uma grande variedade de paisagens e zonas ecológicas. A Argélia é o lar de algumas espécies raras, como a Foca-monge-do-mediterrâneo (Monachus monachus), um dos mamíferos mais ameaçados do mundo.

A Argélia possui ao todo 14.663.400 de hectares de áreas protegidas, ou aproximadamente 6,3% do território do país, uma proporção bem abaixo da média mundial que está hoje por volta dos 11,5%. Os Parques Nacionais da Argélia abrangem uma variedade de ecossistemas, desde  áreas costeiras até desertos e montanhas.

O Parque Nacional de Belezma é um dos mais importantes parques na Argélia. Criado em 1984, protege uma área de 26.250 hectares sob influência tanto do Saara quanto do Mediterrâneo. Dentro de seus limites já foram registrados mais de 440 espécies de flora (14% do total nacional) e 300 espécies da fauna, como por exemplo o Caracal (Caracal caracal), a Hiena-riscada (Hyaena hyaena) e a doninha (Mustela nivalis). Nos arredores do parque também podem ser encontrados importantes sítios arqueológicos, como o mausoléu dos reis da Numídia conhecido como Medracen. É o maior monumento berbere ainda de pé no Norte da África datado de um período anterior a 200 a.C..

Já as paisagens encontradas no Parque Nacional Gouraya são bem diferentes. Reconhecida pela UNESCO como reserva da biosfera, este parque criado também em 1984 protege uma área de 3.200 hectares de praias arenosas, falésias e águas cristalinas que o tornam um popular destino de ecoturismo para muitos argelinos. A fauna e a flora locais são muito variadas, incluindo o Macaco-de-gibraltar (Macaca sylvanus), um primata encontrado apenas em algumas partes do noroeste da África. É o único primata, além do homem, que pode se encontrar na Europa em seu ambiente natural, e o único membro do gênero Macaca que vive fora da Ásia.

Chamado de parque nacional até 2011, o Parque Cultural de Tassili n’Ajjer exibe uma das mais importantes coleções de arte rupestre pré-históricas do mundo, com mais de 15 mil desenhos e gravações. Este conjunto retrata as mudanças climáticas, as migrações animais e a evolução da vida humana na orla do Saara desde 6000 a.C. até aos primeiros séculos da era moderna. Criado em 1972, é o maior parque nacional da Argélia e uma das maiores áreas protegidas do mundo com mais de 13.800.000 hectares. Os rios do parque já chegaram a abrigar a única população de crocodilos-anões da região, mas infelizmente eles foram exterminados na década de 1940.

Veja abaixo algumas das figurinhas carimbadas das unidades de conservação da Argélia.

Parque Cultural de Tassili n
Parque Cultural de Tassili n

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  • Paulo André Vieira

    Produtor Editorial formado pela UFRJ, atua em ((o))eco desde 2007 escrevendo sobre geojornalismo e cuidando da edição e gestão do site.

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