Notícias

Descoberta uma nova espécie de cobra-coral na Mata Atlântica

Batizada de Micrurus potyguara, em homenagem aos índios Potiguares, cobra coral verdadeira de pequeno porte foi descrita em abril.

Daniele Bragança ·
17 de junho de 2014 · 10 anos atrás

Coberta por anéis vermelhos, pretos e brancos, a Micrurus potyguara é venenosa, assim como outras corais verdadeiras. Foto: Claudio Sampaio/divulgação.
Coberta por anéis vermelhos, pretos e brancos, a Micrurus potyguara é venenosa, assim como outras corais verdadeiras. Foto: Claudio Sampaio/divulgação.

Uma cobra coral verdadeira coletada numa pequena área preservada na capital da Paraíba é a mais nova espécie de serpente conhecida no país. A espécie descrita na edição de abril da revista Zootaxa mostra como a rica biodiversidade da maltratada Mata Atlântica ainda esconde novas descobertas.

A maioria dos exemplares usados na descrição da nova espécie, batizada de Micrurus potyguara, foi encontrada na Mata do Buraquinho, um remanescente de Mata Atlântica localizado dentro do Jardim Botânico de João Pessoa, na capital da Paraíba. Uma floresta urbana, portanto.

De hábitos preferencialmente noturnos, mas que também pode ser encontrada durante o dia, a cobra coral verdadeira de pequeno porte pode chegar até 1 metro e 20 centímetros de comprimento e alimenta-se de presas cilíndricas como anfisbenideos, conhecidas como cobra-duas-cabeças.

De acordo com o Dr. Gentil Alves Pereira Filho, um dos autores da nova descoberta, a Micrurus potyguara tem o corpo coberto por anéis vermelhos, pretos e brancos que se estendem do dorso ate o ventre. “Trata-se de uma serpente potencialmente perigosa devido a seu veneno, embora não se tenha registros de acidentes nem com humanos. Até o momento poucos exemplares desta nova espécie são conhecidos e a distribuição atual esta restrita aos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco”, explicou. Também participaram da descoberta os biólogos Matheus Godoy Pires, Nelson Jorge da Silva, Darlan Tavares Feitosa, Ana Lúcia da Costa Prudente e Hussam Zaher.

Ainda de acordo com o biólogo, a serpente difere morfologicamente de outras espécies de cobras corais verdadeiras que ocorrem na área por apresentar as escamas parietais totalmente negras, a ponta da cauda negra, a ponta do focinho também inteiramente negra. “Não se sabe muito sobre a ecologia da serpente, não sabemos se ela se distribui ao longo de toda a Floresta Atlântica ou se esta restrita apenas a porção ao norte, onde foi encontrada”.

A serpente recebeu o nome Micrurus potyguara em homenagem aos índios Potiguares que habitavam em grande número a região onde a serpente foi descoberta.

Para Alves, a principal importância da descoberta da nova espécie reside no fato que ela sobrevive no bioma mais ameaçado do país, onde muitas espécies “são extintas sem nem mesmo terem sido cientificamente descobertas”. Há 3 semanas, foram divulgado os novos dados de desmatamento na Mata Atlântica: 23,9 mil hectares de floresta foram perdidos, um aumento de 9% comparado com o período anterior (2011 e 2012), quando foram registrados 21,9 mil hectares de desmate. Os dados são da 9ª edição do Atlas de Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, feito pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O nome potyguara homenageia os índios Potiguares que habitavam em grande número a região onde a serpente foi descoberta. Foto: Claudio Sampaio/Divulgação.
O nome potyguara homenageia os índios Potiguares que habitavam em grande número a região onde a serpente foi descoberta. Foto: Claudio Sampaio/Divulgação.

 

 

Saiba Mais
A new species of triadal coral snake of the genus Micrurus Wagler, 1824 (Serpentes: Elapidae) from northeastern Brazil (“Uma nova espécie de cobra-coral do gênero Micrurus Wagler do nordeste do Brasil”)

Leia Também
Mata Atlântica concentra espécies ameaçadas de extinção
Jararacas, as serpentes que salvaram os hipertensos
Parece cobra, mas é um lagarto

 

 

 

  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também

Notícias
28 de março de 2024

Estados inseridos no bioma Cerrado estudam unificação de dados sobre desmatamento

Ação é uma das previstas na força-tarefa criada pelo Governo Federal para conter destruição crescente do bioma

Salada Verde
28 de março de 2024

Uma bolada para a conservação no Paraná

Os estimados R$ 1,5 bilhão poderiam ser aplicados em unidades de conservação da natureza ou corredores ecológicos

Salada Verde
28 de março de 2024

Parque no RJ novamente puxa recorde de turismo em UCs federais

Essas áreas protegidas receberam no ano passado 23,7 milhões de visitantes, sendo metade disso nos parques nacionais

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Comentários 15

  1. Paulo Menezes diz:

    Encontrei uma hoje aqui na cidade de Triunfo na localidade de Barreto na estrada da Piedade. Tenho fotos. Se interessar 51 981323437.


  2. Ariovaldo Pinto diz:

    Por volta do ano de 1986 quando trabalhava no Corpo de Bombeiros de SP na cidade de Ferraz De Vasconcelos proximo a divisa com a Cidade de Suzano encontrei atropelada uma coral muito parecida com está, me causou estranheza o tamanho dela, aproximadamente 91 metros, mas com o não somos cientistas acreditamos ser uma cobra parecida e não uma coral. Agora vejo que possivelmente é da mesma espécie desta!


    1. Ariovaldo Pinto diz:

  3. Roberto Guerra diz:

    Fotografei uma Micrurus potyguara, no RN. Gostaria de enviar a foto para a equipe para confirmar a identificação. Seria possível?


  4. Freire diz:

    Apareceram duas dessas em uma região e.mata atlântica em Arembepe, na Bahia, região praiana do município de Camaçari.


  5. Adriano diz:

    Uma vez sentei na sarjeta de uma rua próximo onde eu estudava na época…olhei pra trás de mim é levantei rápido vi uma cobra de 2 cabeça uma normal é outra na Cauda…Não parecia com cobra cega…as duas cabeças era normais como de cobras venenosas mais comuns de se ver… ela era toda Negra …fiquei mais espantado por que uma cabeça puxava um sapo já morto e a outra puxava um Calango ou camaleão pequeno …ela rastrejava por trás de mim sentado e ia entrando ao mato até que sumiu é não a vi mais…acho que não me atacou porque estava já com seus alimentos em suas bocas…..Isso foi em 2013 ou 2014 mais ou menos….sempre que busco fotos na internet …nunca acho a espécie que um dia vi…..alguém sabe me dizer sobre essa espécie??? Se souber…Meu Whatsapp 92-99315-0954..obrigado.


  6. Kelvia lira diz:

    Entrou uma dessas na minha sala semana passada! Estou em pânico com medo de aparecer outra! Tenho o vídeo caso alguém se interesse. EM FORTALEZA


    1. Fátima diz:

      1. Gabriel diz:

        Em Caucaia tmb me deparei com uma em minha residência.


  7. Ricardo diz:

    Encontrei uma cobra dessas aqui no interior de Minas gerais e pesquisando vi as fotos dela nesse site. Então no estado mineiro também tem essa cobra.


  8. Emerson diz:

    Estive numa mata aqui próximo a minha cidade e me deparei com uma coral com as mesmas características. Fiz fotos, se interessarem. 31-997196624


  9. Márcio Bispo diz:

    Capturei uma dessas em meu banheiro, coloquei dentro de um vidro. Moro em Malhador região central agreste de Sergipe


  10. Giorgio diz:

    Ela e tão venenosa como a outra?


    1. Je R diz:

      Todas serpentes do gênero micrurus tem o mesmo potencial de toxina.


    2. And diz:

      Igual ou superior, lembrando que a cor vermelha bem como amarelo indicam alta concentração de toxicina ! Corais verdadeiras possuem a toxicina mais legal entre as serpentes na América do.sul !