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Jaó-do-litoral: desconfiado, e com razão

Ao menor som, ele se esconde rápido nas densas florestas da Mata Atlântica, e como a mata está em declínio o mesmo ocorre com essa ave.

Redação ((o))eco ·
12 de junho de 2014 · 10 anos atrás

[i]Crypturellus noctivagus[/i]. Foto: Marcos Massarioli
[i]Crypturellus noctivagus[/i]. Foto: Marcos Massarioli

O jaó-do-litoral (Crypturellus noctivagus noctivagus) é uma ave típica da Mata Atlântica brasileira, vive na faixa entre as florestas altas de restinga na planície litorânea e se estende à florestas de encostas serranas e de vales de rios. Encontrada quase que exclusivamente na região Sudeste e Sul (exceto Minas Gerais), também é conhecido por jaó-do-sul, jaó-da-mata, juó ou juô.

Seu nome, jaó, deriva do pio longo, assobiado, que emite e parece dizer: “Eu sou Jaó”. Seu piado é ressoante e pode ser ouvido à distância, do início da manhã e do meio da tarde até o escurecer. No período reprodutivo piam inclusive noite adentro. Por outro lado, do fim do verão ate o fim do inverno são absolutamente silenciosos.

Como toda ave tinamiforme, o jaó-do-sul tem uma aparência galinácea e como as galinhas, embora tenha asas, não voa. O animal mede entre 32 a 34 cm e pesa mais de meio quilo. Sua plumagem tem um colorido vivo, com a parte anterior do pescoço e o peito cinza-chumbo, linhas horizontais vermelho-acobreado no dorso inferior, ventre e garganta avermelhados.

Crypturellus noctivagus se alimenta principalmente de sementes, pequenos frutos de palmeiras, tapiás, oiticicas, curubixás e cupás. Sua dieta inclui ainda insetos, vermes, aranhas, moluscos e ainda vegetais de folhas tenras, como certas gramíneas e até grãos de areia.

O período do acasalamento desta espécie ocorre de setembro a janeiro, quando as vocalizações (pios) dos machos podem ser ouvidas. Além das vocalizações, há também as exibições dos machos com objetivo de atrair fêmeas. Se bem sucedidos, as fêmeas se reunirão ao macho, numa espécie de harém particular.

O ninho é um simples ajuntamento de folhas secas sobre um leve rebaixo do solo, construído aos pés ou entre as raízes tabulares de árvores como as sapopembas, por exemplo. Cada fêmea põe de 2 a 3 ovos de coloração verde-clara, que são incubados por 18 dias em média. A incubação é feita pelo macho, que cobre os ovos com folhas secas ao sair do ninho, ocultando-os. Também é o macho que cria e protege os filhotes.

Apesar de ser relativamente corpulento, o jaó se desloca pelo chão da floresta quase sem fazer ruído. É uma ave difícil de avistar, muito mais ouvida do que vista. Costuma se embrenhar mata adentro sempre que algo que lhe é estranho se aproxima.

A ocorrência da espécie em áreas de floresta primária circundadas por pastos e plantações, demonstra uma certa tolerância às alterações provocadas pelo homem. No entanto, o desmatamento e a ocupação imobiliária de suas áreas de ocorrência natural (Mata Atlântica), contribuem para ameaçá-la e até extinguí-la, como ocorreu no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.

De acordo com a IUCN, embora os números da população estejam em declínio, eles não são críticos e, portanto, a espécie é listada como Quase Ameaçada. A organização internacional não distingue na sua classificação o jaó-do-litoral, Crypturellus noctivagus noctivagus, da subespécie nordestina Crypturellus noctivagus zabele. Esta, no entanto, não é a visão do ICMBio, que considera as diferenças e classifica a espécie aqui descrita como Vulnerável.

 

Conheça outras espécies ameaçads no novo blog de ((o))eco, Espécies em Risco.

 

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