Notícias

Estudo mostra limites na recuperação de áreas úmidas

Análise de mais de uma centena de projetos de restauração de áreas úmidas degradadas aponta que a recuperação leva mais de 100 anos.

Vandré Fonseca ·
27 de janeiro de 2012 · 12 anos atrás
Na região de Mamirauá, da canoa, o nativo admira a floresta alagada. foto: Christiane Kokubo
Na região de Mamirauá, da canoa, o nativo admira a floresta alagada. foto: Christiane Kokubo
Manaus, AM – Depois de décadas, áreas úmidas recuperadas após a degradação podem até ter o aspecto de uma paisagem intocada, com grande variedade de animais e insetos, mas uma observação mais criteriosa vai demonstrar que elas ainda não se recuperaram, e não voltaram a oferecer serviços ambientais com a mesma qualidade de antes.

Áreas úmidas, ou wetlands, são ambientes alagados temporariamente ou de forma permanente, ricas em biodiversidade. Elas são protegidas por uma convensão internacional, assinada em Ramsar, no Irã, em 1971. No Brasil, são reconhecidos 8 sítios Ramsar, entre eles o Parque Nacional do Mato Grosso e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá.

Um estudo publicado na edição do dia 24 de janeiro da revista científica PLoS Biology demonstra que mesmo após um intervalo entre 50 e 100 anos de recuperação, áreas úmidas degradadas estocam em média 23% a menos de carbono do que as intocadas. Além disto, a variedade de plantas nativas é 26% menor.

“Uma vez que você degrada uma área úmida, não é possível recuperar a combinação de plantas ou o estoque rico de carbono no solo orgânico, que afetam o ciclo natural de água e nutrientes, por muitos anos”, afirma David Moreno-Mateus, que durante o pós-doutorado analisou 124 projetos de monitoramento de 621 áreas úmidas em todo o mundo.

O estudo demonstra que a recuperação em zonas mais frias é ainda mais lenta do que nas zonas quentes do planeta. Se forem áreas pequenas – com menos de 100 hectares – e estiverem longe de rios ou mares, esta recuperação vai demorar ainda mais.

Leia também:

O dia mundial das zonas úmidas

Uma semana em Mamirauá

Áreas úmidas protegidas

Emissões úmidas

Saiba mais:

Artigo: Structural and Functional Loss in Restored Wetland Ecosystems David Moreno-Mateos, Mary E. Power, Francisco A. Comín, Roxana Yockteng Research Article, published 24 Jan 2012; doi:10.1371/journal.pbio.1001247

Leia também

Reportagens
23 de abril de 2024

COP3 de Escazú: Tratado socioambiental da América Latina é obra em construção

No aniversário de três anos do Acordo de Escazú, especialistas analisam status de sua implementação e desafios para proteger ativistas do meio ambiente

Salada Verde
23 de abril de 2024

Querem barrar as águas do ameaçado pato-mergulhão

Hidrelétricas são planejadas para principais rios onde vive o animal sob alto risco de extinção, na Chapada dos Veadeiros

Salada Verde
22 de abril de 2024

Livro destaca iniciativas socioambientais na Mata Atlântica de São Paulo

A publicação traz resultados do Projeto Conexão Mata Atlântica em São Paulo, voltados para compatibilização de práticas agropecuárias com a conservação da natureza

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.