Salada Verde

Ladeira abaixo

Proposta do governo federal para servidores ambientais tem critérios obscuros de promoção e não valoriza trabalho em áreas inóspitas.

Salada Verde ·
3 de maio de 2010 · 14 anos atrás
Salada Verde
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Protesto no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (MT)
Protesto no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (MT)

Os servidores federais ambientais em greve em Mato Grosso escolheram o mirante do Véu da Noiva, principal atrativo turístico do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, para realizar um protesto no dia do trabalho, no último sábado. Os grevistas interditaram a entrada do parque nacional no feriado e explicaram à população as razões da manifestação. A maioria dos visitantes foi solidária à causa. Os servidores reivindicam melhores condições de trabalho e reestruturação da carreira de especialista em meio ambiente.

Atualmente, os problemas quanto a segurança dos servidores e os incentivos para trabalhos em regiões inóspitas são grandes e conhecidos. De acordo com eles, com a proposta do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), o que está ruim pode ficar ainda pior.

A proposta do governo para a área ambiental prevê a ampliação do número de níveis para que se chegue ao topo de carreira e não incorpora aumento nos ganhos ao introduzir gratificações que podem ser retiradas a qualquer momento. Além disso, a gratificação de qualificação sugerida pelo MPOG não será aberta a todos os servidores, e os critérios “vinculados ao plano de capacitação do órgão” não são claros.

Uma das principais reclamações, a valorização de servidores em regiões de difícil acesso, foi protelada mais uma vez pelo governo. Hoje, o funcionário que trabalha em Brasília recebe rigorosamente a mesma coisa e tem os mesmos benefícios de quem se embrenha nos interiores da Amazônia e, não raro, se expõe a risco de vida. Insensível a isso, o máximo que o governo se propôs a fazer foi criar um grupo de trabalho para discutir melhor o assunto. Os exemplos de valorização dos servidores nessas áreas inóspitas, que já acontecem em outros órgãos federais e nas forças armadas, por exemplo, não foram sequer lidos pela Secretaria de Recursos Humanos no MPOG, segundo os grevistas.

Por causa da greve, que ocorre desde o dia 7 de abril, alguns funcionários tiveram o ponto cortado.

Saiba mais:
No mato, sem cachorro
Blog – Greve geral ambiental
Proposta do MPOG
Carta de analista do Ibama, publicada em O Eco – Indignação ambiental
Carta de analista do Ibama, publicada no jornal O Globo

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