O Parque Nacional do Juruena corre o risco de virar reservatório de hidrelétrica. É o que sustenta a ONG WWF-Brasil, que lançou a campanha SOS Juruena, para sensibilizar a sociedade a pressionar o governo para não construir usinas dentro do Parque Nacional e manter a integridade da unidade de conservação. Uma petição online foi lançada e as assinaturas serão enviadas ao Ministro de Minas e Energia.
O governo planeja construir as usinas hidrelétricas de São Simão Alto e Salto Augusto Baixo no local. De acordo com a WWF-Brasil, a sociedade civil não participará da reunião do Conselho Nacional de Politica Energética (CNPE), que poderá declarar a área como de “utilidade pública” na próxima semana. O governo planeja um complexo de 7 usinas hidrelétricas na Bacia do Tapajós. A declaração de utilidade pública (DUP) é o primeiro passo para viabilizar esses projetos.
Apesar de estar previsto a participação da sociedade civil no Conselho Nacional de Politica Energética (CNPE) desde a sua criação, em 2007, as 2 vagas nunca foram preenchidas. O conselho é presidido pelo Ministério de Minas e Energia e assessora a Presidência da República na formulação de políticas e diretrizes de energia para todo o país.
Biodiversidade alagada
Com quase 2 milhões de hectares, o Juruena é o quarto maior parque nacional do país e faz parte do Programa Arpa (Áreas Protegidas da Amazônia), que financiou parte das ações para sua implementação. Esta Unidade de conservação está localizada na divisa entre o Mato Grosso e o Amazonas. Se construídos, os reservatórios das duas usinas inundarão mais de 40 mil hectares no Parque Nacional do Juruena, no Parque Estadual Igarapés do Juruena e nas terras indígenas Escondido e Apiaká do Pontal, no Mato Grosso. No Amazonas, poderão ser atingidas porções do Parque Estadual do Sucunduri, além de terras indígenas.
“Esse mosaico de áreas protegidas é fundamental para frear o desmatamento, a ocupação desordenada e a grilagem de terras que se expandia de forma agressiva a partir de Mato Grosso em direção ao Amazonas, antes das áreas serem criadas”, diz Marco Lentini, coordenador do Programa Amazônia do WWF.
Leia Também
Blog Expedição ao Juruena
Cadê o Parque que estava aqui?
Chefes de parque do ICMBio falam dos impactos ambientais
Leia também
Avistar celebra os 50 anos da observação de aves no Brasil
17º Encontro Brasileiro de Observação de aves acontece este final de semana na capital paulista com rica programação para todos os públicos →
Tragédia sulista é também ecológica
A enxurrada tragou imóveis, equipamentos e estradas em áreas protegidas e ampliou risco de animais e plantas serem extintos →
Bugios seguem morrendo devido à falta de medidas de proteção da CEEE Equatorial
Local onde animais vivem sofre com as enchentes, mas isso não afeta os primatas, que vivem nos topos das árvores. Alagamento adiará implementação de medidas →