Outros olhos sobre as cidades
Fernando Fernandezterça-feira, 30 março 2010 20:18
Canso de ver pessoas imersas nas suas preocupações, apressadas pela cidade como se ela fosse um deserto de concreto e vidro. Mas não é.
Biólogo, PhD em Ecologia pela Universidade de Durham (Inglaterra). Professor do Departamento de Ecologia da UFRJ, seu principal interesse em ensino e pesquisa é a Biologia da Conservação.
Canso de ver pessoas imersas nas suas preocupações, apressadas pela cidade como se ela fosse um deserto de concreto e vidro. Mas não é.
É sempre difícil lidar com prejuízos difusos. Cada um acha que a culpa dos problemas ambientais é sempre dos outros, nunca de si mesmo.
Não é preciso conflito entre a conservação e o social, mas temos que pensar numa escala maior. Há boas intenções em toda parte, mas ideologias nos jogam uns contra os outros.
A conservação precisa adotar uma postura mais agressiva. Reintroduzir espécies localmente extintas é contribuir para um mundo melhor, e não apenas impedir que ele se torne pior.
Quando recebi o convite do editor para escrever em O Eco, fiquei temeroso. Hoje, no entanto, considero minhas colunas tão importantes como minhas aulas na universidade. Aprendi que como eu, muitos amam a conservação.
Pelo jeito que Lula fala, passa a mensagem de que conservação atrapalha o desenvolvimento. Difícil não achar que a preocupação desse governo com questões ambientais é para inglês ver.
O mundo natural que ele tanto amava vem sendo destruído em escala inédita, em grande parte devido ao sucesso da nossa recusa a engolir a revolucionária visão que ele nos mostrou.
Vítimas da ignorância, grandes felinos somem de reservas criadas especialmente para eles. Mundo moderno, superpopuloso e fragmentado está expulsando essa e outras espécies.
Uma frondosa figueira, sem motivo aparente, foi levada ao chão. O episódio deixou muita gente emocionada e leva a uma reflexão sobre razões que temos para preservar qualquer árvore.
O conceito demanda cuidado. Estudos mostram que sustentável, em geral, significa apenas que uma atividade é menos destrutiva que outra e não que ela garante a conservação.