Belém – A audiência pública sobre o terminal graneleiro da Cargill no Porto Público de Santarém, no Pará, terminou ontem com uma notícia que certamente não agradou a 100% das 2.500 pessoas que participaram do encontro. O Ministério Público Estadual (MPE) anunciou ao Ministério Público Federal (MPF) que vai pedir abertura de um inquérito policial para investigar os dados do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) do terminal devido à suspeita de fraude das informações apresentadas.
Como lembra o Greenpeace, em uma nota que divulgou sobre o assunto, este porto “começou pelo fim”. Primeiro, foi construído em 2000. E, apenas depois de muita pressão pública, a Cargill entregou um EIA-Rima. Se a fraude no documento for confirmada, a empresa corre o risco de responder a um processo criminal.
Inúmeros especialistas têm estudado o caso desde que o porto iniciou suas atividades. Na safra de 1999/2000, a soja era encontrada em menos de 2.500 hectares no Pará, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na de 2003/2004, ou seja, após o funcionamento do terminal, plantações do grão já haviam se expandido para 35 mil hectares. Isso provaria que o Porto da Cargill contribuiu para o aumento do desmatamento no estado. A devastação só passou a ser contida depois de 2006, a partir da assinatura da moratória da soja. Para saber mais sobre este assunto, clique aqui.
“Mas esse ainda não é o fim da história. Temos pela frente a pavimentação da BR 163 e a informação divulgada pela Cargill, de que pretende expandir em 50% a capacidade do terminal – uma combinação que poderá resultar em boom de expansão do desmatamento”, afirma Raquel Carvalho, da Campanha da Amazônia do Greenpeace.
Paulo Adário, diretor da Campanha da Amazônia do Greenpeace, contou através de seu twitter como estavam os ânimos dos participantes da audiência. “Porto da Cargill em STR: audiência pública em clima tenso. Agronegócio lotou a sala com “participantes” trazidos em vários ônibus”. Duas horas depois, complementava: “acabou audiência pública. Ministério Público mandou bem. Apesar do lobby pesado do agronegócio, Cargill não terá vida fácil.”(Karina Miotto)
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