Notícias

De olho no ameaçado papagaio-de-cara-roxa

Em risco de extinção, o animal da semana é alvo de um verdadeiro BBB do bem, onde vigiar é sinônimo de conservar.

Redação ((o))eco ·
8 de março de 2013 · 11 anos atrás

Um casal de chauás (Amazona brasiliensis). Crédito: Rafael de Rivera/SPVS
Um casal de chauás (Amazona brasiliensis). Crédito: Rafael de Rivera/SPVS

Quando aqui aportaram os portugueses, nos idos de 1500, antes de ganharmos nome de árvore, chamavam-nos Terra dos Papagaios. Nome nada surpreendente se consideramos a abundância por estas bandas (e no resto da América do Sul) destas coloridas, e para eles, exóticas aves. Os membros da família Psittacidae (papagaios, periquitos, araras e sabiás) são numerosos. Aqui, destacamos um pequeno grupo, a espécie do papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), endêmica – isto é, que só pode ser encontrada numa região específica – de uma estreita faixa que vai do litoral sul de São Paulo, atravessa a costa do Paraná e chega até o extremo norte do litoral de Santa Catarina.

É no meio desta região — das poucas ainda exibindo cobertura de Mata Atlântica — que o chauá (como também é conhecido) encontra seu habitat: nas ilhas cobertas por florestas, ao longo da Baía de Paranaguá. Durante o dia, é fácil avistá-lo voando entre as ilhas e a mata litorânea. À noite, nos galhos da altas árvores, repousando em grandes grupos.

Ele faz seu ninho nos ocos de árvores guanandi (Calophyllum brasiliensis) e palmeiras gerivá (Syagrus romanzoffianum) que além do abrigo, fornecem os frutos dos quais se alimenta, e também as sementes, as folhas, o néctar das flores, os insetos e larvas. E uma vez que o casal encontra uma casa, difícil que se mudem: os A. brasiliensis se reproduzem sempre na mesma árvore, ao ponto que se derrubada, é comum que não procriem mais. À época da procriação, a fêmea coloca cerca de 4 ovos e, nascidos, os filhotes deixam o ninho após 2 meses. Os pais, fiéis, permanecem juntos por longos períodos; muitas vezes, por toda a vida.

A população de papagaios-de-cara-roxa está em risco. As principais razões são o desmatamento, a extração de árvores e plantas que são utilizadas como alimento e abrigo pela espécie e a captura clandestina de filhotes e adultos para o comércio ilegal. Segundo a lista da IUCN, o A. brasiliensis é classificado como Vulnerável.

Para proteger a espécie, a SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) desenvolve há 15 anos, o Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa no litoral do Paraná. Em 2012, instalou câmeras discretamente posicionadas dentro e fora de um ninho artificial de madeira, acompanhando 24 horas por dia os hábitos diários dos papagaios-de-cara-roxa. Este Big Brother registra, sem interferir, os cuidados dos pais em todas as fases de desenvolvimento – do ovo à saída do ninho.

As imagens servem de poderosa fonte de informações aos pesquisadores que tentam preservá-los. Revelam variados aspectos da vida e comportamento dos papagaios, como a maturação dos ovos, o nascimento dos filhotes e a interação entre pais e filhos.

 

Leia Também
Megasoma anubis: o besouro rinoceronte
“Mas, afinal, você é meu amigo ou amigo da onça?”
O grande tucano-toco apartidário

 

 

 

Leia também

Notícias
28 de março de 2024

Estados inseridos no bioma Cerrado estudam unificação de dados sobre desmatamento

Ação é uma das previstas na força-tarefa criada pelo Governo Federal para conter destruição crescente do bioma

Salada Verde
28 de março de 2024

Uma bolada para a conservação no Paraná

Os estimados R$ 1,5 bilhão poderiam ser aplicados em unidades de conservação da natureza ou corredores ecológicos

Salada Verde
28 de março de 2024

Parque no RJ novamente puxa recorde de turismo em UCs federais

Essas áreas protegidas receberam no ano passado 23,7 milhões de visitantes, sendo metade disso nos parques nacionais

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.