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Inimigo Oculto

Lista de presentes já é coisa chata de se fazer. Se ela tiver de seguir regras que respeitem o meio ambiente, pode se tornar uma lista chata divertida.

8 de dezembro de 2005 · 18 anos atrás

Depois de ler a reportagem “Natal ecológico”, de Aline Ribeiro, decidi criar uma lista de opções de presentes que podem ser chamados de “amigos do meio ambiente” ou inimigos do presenteados. Na lista abaixo, além de produtos e explicações detalhadas sobre cada “eco” deles, você terá acesso a dicas de discussões.

Cesta de alimentos orgânicos

Presente perfeito para amigos carnívoros que você esteja tentando catequizar, amigos que não conheçam produtos orgânicos ou amigos que já façam parte do time dos orgânicos.
A cesta deve ser montada por você. Compre uma cesta de palha e faça a feira! Os principais vegetais produzidos organicamente são: agrião, alface americana e crespa, brócolis, couve, espinafre, repolho, abobrinha, berinjela, cenoura, pepino, quiabo, banana, entre outros. Incremente com pães, queijos, geléias e vinhos, também orgânicos.

Vinhos nada mais são que sucos de uva fermentados, feitos de frutas amassadas com casca e tudo. “Não existe nenhuma prova de que vinhos orgânicos sejam melhores para a saúde”, explica o crítico de vinhos inglês Monty Waldin, autor de um guia sobre as bebidas politicamente corretas. “Mas ninguém sabe exatamente os efeitos em longo prazo dos 240 tipos de pesticida usados hoje em dia. Sem eles, certamente teríamos menos ressaca, menos alergias e vinhos com sabor mais natural.”

Para dizer ou escrever no cartão:

Ao comprar produtos orgânicos, os consumidores apesar de não sentirem ou terem consciência da sua ação benéfica para o meio ambiente, estão adquirindo, um conjunto de dois produtos: os alimentos em si e um produto “amigo do meio ambiente”, que parece abstrato à primeira vista, porém, pode até ser quantificado. Basta que sejam observados e medidos nos estabelecimentos agrícolas, a melhoria da qualidade da água, a intensificação da vida microbiológica do solo, etc.

PS: a questão do vinho orgânico rende uma boa conversa e não deixa faltar assunto na mesa.

Perfume do Brasil Priprioca

Opção ideal para mulheres. Até mesmo as mais “finas” estão se rendendo ao “charme” da Natura, que com muito esforço (abrindo até loja em Paris) vem tentando se aproximar da perfumaria fina sem fazer feio.

Os produtos feitos a partir de ativos naturais vêm conquistando o mercado de cosméticos mundial. A fórmula do sucesso é o passado sendo redescoberto pelo futuro. Este caminho mistura consagradas receitas herdadas de antepassados com uma necessidade coletiva e instintiva de se reaproximar daquilo que ficou para trás.

Para dizer ou escrever no cartão:

A priprioca é um capim alto, com flores miúdas e raiz com fragrância incomum. Quando cortados, seus tubérculos exalam um perfume fresco, amadeirado e picante. Com essas propriedades, ela é uma das principais ervas aromáticas vendidas no mercado Ver-o-Peso, em Belém, no Pará, onde a equipe de inovação da Natura descobriu a planta e a escolheu como ingrediente de mais uma fragrância do perfume do Brasil.
papo adicional: para atender a demanda de Priprioca da Natura, a saída foi substituir o plantio por canteiros com o uso de adubo orgânico. O problema da colheita em grande quantidade foi resolvido com a parceria firmada com comunidades locais e etc.
A Natura dispensa comentários quando o assunto é ecoeficiência.

PS: povos da floresta e o valor das ações da Natura no mercado rendem bom papo. Mas, nada é tão bom quanto “Natura é coisa que eu costumava dar de presente para a minha empregada”

O livro “Jardim Gramacho”, de Marcos Prado

Presente ideal para quem gosta de usar livros para decorar mesinhas de centro.

Para dizer ou escrever no cartão:

Aqui você vai encontrar arte no lixo. A realidade da reciclagem, a história dos catadores, e trabalhadores que atuam na triagem do lixo e manipulam materiais contaminados. O que se recicla no Brasil. A precariedade do sistema, enfim, tudo isso em fotos e depoimentos comoventes.

PS: coleta seletiva, apesar de ser assunto batido, também rende bons comentários. Tipo da conversa que rende horas. Milhares de outros países são citados como exemplos, pessoas se exaltam.

Tartaruga marinha

Dê preferência às pessoas que simpatizam com o projeto (aquelas que normalmente exclamam “ai que gracinha” quando se fala em tartarugas marinhas). Você adota a tartaruga em nome do seu amigo, sobrinho ou afilhado e entrega para ele o tal certificado da adoção simbólica. Para fazer isso, basta acessar o site do projeto TAMAR e seguir as instruções.

Para dizer ou escrever no cartão:

Você adotou uma tartaruga marinha! A adoção é simbólica. O “pai adotivo” ganha uma camiseta exclusiva da campanha e o Certificado de Adoção. Também concorre a uma viagem de uma semana para Fernando de Noronha (PE) ou Praia do Forte (BA), com direito a um acompanhante.

Criada em 1994, a campanha “Adote uma Tartaruga” tem como objetivo principal a educação ambiental sobre as tartarugas e o ambiente marinho, a geração de renda nas comunidades e o fortalecimento do programa de auto-sustentação do projeto TAMAR. Os recursos arrecadados ajudam a financiar o trabalho dos tartarugueiros – pescadores e moradores das comunidades, técnicos e estagiários que, durante a temporada reprodutiva, são contratados para monitorar as praias e proteger ninhos, fêmeas e filhotes.

PS: para gerar polêmica (sem fazer com que o presenteado comece a chorar), peça para alguém questionar a beleza do bicho. Porque essas sim são feias. Aliás, muito feias.

Cursos on-line aqualung

O Instituto Ecológico Aqualung, acompanhando a evolução da Era da Informação e do Conhecimento, traz para você um novo espaço de cursos na área de Meio Ambiente. O Instituto Aqualung on-line. De acordo com as informações evasivas disponíveis no site, você não sabe o quanto paga nem exatamente o que vai aprender. A maioria dos cursos disponíveis está temporariamente suspensa. Mas, se a sua intenção for manter o presenteado em contato com o Instituto Aqualung (mesmo que de pura sacanagem), cadastre-o. Semanalmente, ele receberá artigos de Marcelo Szpilman, diretor do Instituto Ecológico Aqualung e em menos de seis meses não poderá nem ouvir falar em tubarões.

PS: falar sobre carne de tubarão. É boa? É ruim? Quem já comeu?

Aí, tá na hora da ceia.
Feliz Natal!

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