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No topo da lista

Os labradores parecem os jeans Levi´s dos cães de raça. Todos acham que eles vão bem com tudo. Estão no topo da lista de cães registrados no American Kennel Club há mais de 12 anos.

21 de julho de 2005 · 19 anos atrás

Não faz muito tempo, os cães da raça labrador eram considerados raros. Nos anos 50, essa elegante raça de porte médio era uma raridade. Hoje, os labradores são os jeans Levi´s dos cães de raça e estão no topo da lista de cães registrados no American Kennel Club há mais de 12 anos seguidos. O número de cães labrador registrados é quase três vezes o número dos golden retrievers, que é a segunda raça de cães mais popular da lista. Antes do reinado do labrador, o cocker spaniel manteve-se à frente da lista durante oito anos. Antes dele, o poodle foi o mais cotado durante um respeitável quarto de século. A raça labrador é escandalosa e exuberante. Apesar de tomar mais espaço que os poodles e cocker spaniels.

Mas essa tendência que valoriza cães de tamanho grande não é o que explica porque o labrador é muito mais popular do que as outras raças de grande porte. A resposta que explica este fenômeno é simples: O bicho está na moda. E não está na moda por acaso. O cão responde perfeitamente às necessidades do proprietário padrão. O labrador procura atenção e aprovação, está sempre disposto a brincadeiras. “Sabe quando solicitar atenção e quando ficar na dele. Adapta-se perfeitamente ao meio, o que é uma das principais vantagens do cão de companhia”, diz Maria Cecília Gonzaga, do Canil Interagro, de São Paulo. “Respeita as necessidades do dono e se contenta em estar ao lado dele. Não precisa fazer carinho, jogar brinquedo e falar com ele o tempo todo”, afirma.

Hal Herzog, um professor de psicologia da Western Carolina University se refere a este fenômeno como “tendência cultural” e acredita que os pais escolhem o nome dos bebês de maneira igualmente imitativa.Acabo de conhecê-lo no site Auauetc. No ano passado, Herzog e dois co-autores publicaram um estudo sobre as tendências dos proprietários de cães americanos nas Cartas de Biologia da Royal Society, e concluíram que as raças gozam de períodos áureos de cerca de 25 anos. Este espaço de tempo permite que, de um modo geral, duas ou três gerações de cães se sucedam na medida em que a raça passa de “na moda” para démodé.

O professor estudou a ascensão e a queda do poodle quando essa raça estava no apogeu. Em 1967 havia aproximadamente 250.000 poodles registrados nos Estados Unidos. O número atual é de 32.671. Porém, assim como no mundo da moda, isso pode mudar. Segundo o American Kennel Club, o grupo dos cães diminutivos geralmente desdenhado, são os maiores “alpinistas” da lista de registros. Certamente, as celebridades que carregam seus pequeninos cãezinhos nas bolsas, são as molas propulsoras desta tendência. O cachorro é um acessório. Ele complementa o “visual” do proprietário.

De acordo com Herzog, quando uma raça alcança uma posição estável, vários fatores poderão impulsioná-la. Um deles é o temperamento do cão. Se for amável como são os labradores, será certamente mais popular que os rottweilers. À medida que mais e mais famílias optam por uma determinada raça, os criadores de cães respondem à demanda, aumentando sua produção. Esta prática reduz o preço dos filhotes e ajuda a agilizar a adoção da raça. A popularidade de uma raça pode eventualmente estacionar se ela se tornar muito comum.

Agora que os labradores estão por toda parte, eles são considerados como um tipo de cão comum, não um acessório aristocrático, mas sim o perfeito animal de estimação. Muitos consumidores compraram labradores no impulso, sem entender bem todas as implicações do “produto”. Maria Isabel de Freitas Valle, proprietária de um labrador de dois anos, que o diga. Ela escolheu a raça atraída pela imagem de “cão de família” do labrador, divulgada pelos filmes norte-americanos. Mas sofreu uma grande decepção. “Ele é um inferno”, diz. “Já teve dois treinadores, passou até por psicólogo, mas ainda pega roupa do varal, rouba comida, tênis das crianças…”, relata. E tem uma energia inesgotável: corre o tempo todo no jardim e ainda precisa passear três vezes por dia.

Um labrador que, mesmo manso, não tenha noção da força dos seus dentes não é o mais indicado como companheiro. “Além de destruir objetos, machuca a gente sem querer com suas brincadeiras”, conta Maria Isabel. Latir sem motivo é outro problema apontado por Cláudia – e ilustrado, mais uma vez, por Maria Isabel. “O meu dorme fechado num banheiro, senão late a noite toda e não deixa ninguém dormir”, relata.

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