Reportagens

Carnívoros do Iguaçu e as armadilhas fotográficas (dia 03)

Desenvolvidas pela NatGeo, as armadilhas fotográficas aos poucos se difundiram. Em Iguaçu, documentaram a presença de tamanduás-bandeira.

Adriano Gambarini ·
9 de março de 2015 · 9 anos atrás

Tamanduá-bandeira. Foto: Camera Trap/Projeto Carnívoros do Iguaçu
Tamanduá-bandeira. Foto: Camera Trap/Projeto Carnívoros do Iguaçu

Passamos o fim de semana trabalhando sob chuva. Até agora nenhum resultado, apesar de um puma ter pisado muito próximo de um dos laços. Enquanto acionamos os equipamentos no início da noite, Marina coloca armadilhas fotográficas no entorno e checa as demais que estão espalhadas pelo Parque Nacional do Iguaçu.

No post anterior compartilhei uma série de fotos tiradas com estas ‘armadilhas’, conhecidas também como camera trap. Trata-se de um equipamento simples de fotografia ou vídeo, com um sensor que aciona a câmera quando algo passa na frente.

Este equipamento sempre foi muito utilizado por fotógrafos profissionais pelo mundo, principalmente da National Geographic americana. A revista mantém um laboratorio próprio, que inventa traquitanas tecnológicas, tais como sistemas de disparo por movimento, no mesmo princpio de cameras traps mais simples. Elas dão aos fotógrafos a possibilidade de documentar grandes felinos e outros animais nas mais inusitadas situações. Certamente muitas das fotos publicadas eram sinônimo de leitores intrigados: “Como os caras conseguem tirar o retrato de um tigre, ou leopardo das neves?” Simples, na grande maioria das vezes eles não estão lá, e sim o equipamento.

Nos últimos anos e com o avanço tecnológico, surgiram cameras traps de baixo custo, que permitem aos pesquisadores usufruir também desta tecnologia. Assim, conseguem excelentes registros dos animais em seu habitat natural, se alimentando, interagindo e trazendo informações muitas vezes impossíveis de serem comprovadas por outra maneira.

O Projeto Carnívoros do Iguaçu tem várias dessas armadilhas fotográficas espalhadas, as quais já produziram muitas fotos e vídeos da fauna local, algumas de alto valor ecológico. A foto do tamanduá-bandeira do blog anterior (e replicada aqui) é um dos exemplos. Até 2009 havia apenas uma suspeita da existência de tamanduá-bandeira dentro do parque. Encontraram pelos do animal em fezes de onça, o que não é um indício muito forte, afinal a onça poderia ter caçado o tamanduá fora dos limites do parque. Com esse registro da armadilha fotográfica, ficou comprovado que existe uma população de tamanduás-bandeira vivendo e se reproduzindo no Parque Nacional do Iguaçu.

 

 Vídeos

 

 

Outros posts desta expedição
Projeto Carnívoros do Iguaçu – segundo dia
De novo na mata pelo projeto Carnívoros do Iguaçu

 

 

 

  • Adriano Gambarini

    É geólogo de formação, com especialização em Espeleologia. É fotografo profissional desde 92 e autor de 14 livros fotográfico...

Leia também

Notícias
24 de abril de 2024

Na abertura do Acampamento Terra Livre, indígenas divulgam carta de reivindicações

Endereçado aos Três Poderes, documento assinado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e organizações regionais cita 25 “exigências e urgências” do movimento

Reportagens
24 de abril de 2024

Gilmar suspende processos e propõe ‘mediação’ sobre ‘marco temporal’

Ministro do STF desagrada movimento indígena durante sua maior mobilização, em Brasília. Temor é que se abram mais brechas para novas restrições aos direitos dos povos originários

Notícias
24 de abril de 2024

Cientistas descobrem nova espécie de jiboia na Mata Atlântica

A partir de análises moleculares e anatômicas, pesquisadores reconhecem que jiboia da Mata Atlântica é diferente das outras, e animal ganha status de espécie própria: a jiboia-atlântica

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.