Salada Verde

Governo do Amazonas apronta mais uma contra o Meio Ambiente

Lei aprovada na Assembléia Legislativa permite que órgão estadual licencie obras sem aguardar manifestação de instituições federais, como o Ibama ou o Iphan.

Vandré Fonseca ·
9 de junho de 2015 · 9 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, deputado estadual Luiz Castro (PPS), criticou o projeto, mas não conseguiu evitar a aprovação. Crédito:
O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, deputado estadual Luiz Castro (PPS), criticou o projeto, mas não conseguiu evitar a aprovação. Crédito:

Manaus, AM — O governador José Melo (PROS) conseguiu aprovar uma lei que permite ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) licenciar obras sem precisar aguardar a manifestação de instituições federais. Apesar do protesto da oposição, o resultado da votação realizada nesta terça-feira (09) foi uma lavada, 14 votos a favor e apenas 3 contrário.

O Projeto de Lei 155/2015, proposto pelo governo do Estado — que sequer foi discutida na Comissão de Meio Ambiente –, é baseado na Portaria Interministerial 60/2015, de 24 de março deste ano, que determina prazo aos órgão federais analisarem pedidos de licenciamento ambiental. A lei estadual permite que o processo de licenciamento não seja paralisado enquanto aguarda manifestação de órgãos federais, como o Ibama, Fundação Palmares, a Fundação Nacional do Índios (Funai) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Para o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, Luiz Castro (PPS), que votou contra o projeto, a lei pode causar insegurança jurídica. “O empresário pode conseguir o licença, fazer o investimento e, depois de tudo pronto, mas vamos imaginar que o Iphan descobre que a área tem um sítio arqueológico e embarga tudo”, alerta o deputado. Ele adverte também para o risco de uma lei estadual ser baseada em uma portaria, que pode ser alterada a qualquer momento.

O deputado admite que existe a necessidade de agilizar o trabalho de instituições federais durante o licenciamento de obras no Amazonas. Ele cita o exemplo do Iphan, que conta com apenas uma arqueóloga para analisar todos os pedidos de licenciamento feitos no Amazonas. Mas Luiz Castro acredita que haveria outras maneiras de resolver o problema.

“Em primeiro lugar, deveríamos municiar o Ipaam com pessoal técnico, já que hoje ele não conta sequer com um arqueólogo em seu quadro para realizar o trabalho”, afirma o deputado. “E deveríamos esgotar o entendimento com o governo federal, que deveria dar mais condições para os órgãos dele trabalhar aqui. Poderia ser até proposto um convênio de cooperação técnica, em que o estado repassaria recursos para contratação de técnicos”, propõe Castro.

 

Leia Também
Presidente quer prazo para a liberação de licenciamento
Amazonas: sobrou (ou melhor, vai faltar) para o Meio Ambiente
MPF cobra compromissos assumidos pelo governador do Amazonas

Leia também

Notícias
19 de abril de 2024

Em reabertura de conselho indigenista, Lula assina homologação de duas terras indígenas

Foram oficializadas as TIs Aldeia Velha (BA) e Cacique Fontoura (MT); representantes indígenas criticam falta de outras 4 terras prontas para homologação, e Lula prega cautela

Notícias
19 de abril de 2024

Levantamento revela que anta não está extinta na Caatinga

Espécie não era avistada no bioma havia pelo menos 30 anos. Descoberta vai subsidiar mudanças na avaliação do status de conservação do animal

Salada Verde
19 de abril de 2024

Lagoa Misteriosa vira RPPN em Mato Grosso do Sul

ICMBio oficializou a criação da Reserva Particular do Patrimônio Natural Lagoa Misteriosa, destino turístico em Jardim, Mato Grosso do Sul

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.